A Galp Energia obteve um lucro de 250 milhões de euros no primeiro trimestre de 2023, 62% acima dos 155 milhões de euros do período homólogo e que compara com 273 milhões do trimestre anterior.
Corpo do artigo
Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a petrolífera refere que o resultado líquido do trimestre numa base ajustada (RCA, excluindo eventos não recorrentes e o efeito "stock") "reflete impostos de 389 milhões de euros, incluindo 14 milhões relativos à taxa temporária brasileira sobre as exportações de petróleo e 46 milhões de euros da "windfall tax" ibérica", aplicada aos lucros excessivos.
"Os resultados da Galp no primeiro trimestre refletem um forte desempenho operacional, nomeadamente no [segmento] 'industrial & midstream' e nas atividades comerciais. A geração de 'free cash flow' foi robusta, de 352 milhões de euros, permitindo uma redução da dívida líquida no período em 214 milhões de euros", salienta.
No final do primeiro trimestre, a dívida líquida da Galp ascendia a 1.341 milhões de euros, menos 44% em relação ao período homólogo, e a dívida líquida sobre o EBITDA ajustado era de 0,4 vezes.
De janeiro a março, o EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) numa base ajustada subiu 1% em termos homólogos, para 864 milhões de euros, "suportado pela 'performance' robusta de todas as unidades de negócio".
O 'cash flow' operacional ajustado recuou 43%, para 363 milhões de euros, "refletindo uma elevada concentração de pagamentos de impostos ('phasing effect') relacionados com as atividades de 'upstream' [exploração e produção] no Brasil".
Já o EBIT (resultado operacional) ajustado aumentou 25%, para 674 milhões de euros, traduzindo a redução das depreciações e amortizações resultantes da exclusão dos ativos 'upstream') em Angola e o facto de o primeiro trimestre de 2022 incluir uma imparidade de 120 milhões de euros relacionada com a exploração e avaliação de ativos no Brasil.
Na área da exploração e produção ('upstream'), o EBITDA da Galp recuou 32% em termos homólogos, para 548 milhões de euros, "refletindo a venda dos ativos angolanos, os preços de petróleo menos favoráveis e a contribuição negativa do [projeto] Coral Sul, em Moçambique, ainda em fase de comissionamento".
Quanto ao segmento das renováveis e novos negócios, registou um EBITDA de 35 milhões de euros, refletindo a maior geração de energia renovável em termos homólogos, em resultado do aumento da capacidade instalada (para um total de 1,4 GW-gigawatts) e da contribuição a 100% da Titan Solar.
"A geração de energia renovável totalizou 448 GWh [gigawatts/hora], mais do que duplicando em relação ao mesmo período do ano anterior", salienta a Galp.
Na área industrial e de gestão energética (industrial & 'midstream', onde está incluída a refinação), o EBITDA ajustado foi de 235 milhões de euros, "suportado pelo contributo das atividades industriais" e "apesar do aumento dos custos devido a atividades de manutenção planeada".
Segundo a Galp, "o forte desempenho das atividades de 'midstream' beneficiou da maior flexibilidade dada pelos mais limitados contratos de pré-venda e 'pre-hedged', apesar da redução nos volumes e dos preços mais baixos do gás natural na Europa".
De janeiro a março, a margem de refinação da empresa aumentou para 14,3 dólares por barril face aos 4,8 dólares do primeiro trimestre de 2022 e aos 13,5 dólares do último trimestre do ano passado.
Já na área comercial, o EBITDA aumentou 26% em termos homólogos, para 71 milhões de euros, "suportado por uma recuperação global nos volumes de petróleo, nomeadamente no segmento da aviação B2B ['business to business'], que está já próximo dos níveis pré-pandemia".
No conjunto dos vários negócios, as vendas da Galp somaram 5.146 milhões de euros no primeiro trimestre, menos 9% face ao mesmo período de 2022, tendo o custo dos bens vendidos recuado 17% para 3.571 milhões de euros.
Para a totalidade do ano de 2023, a Galp prevê alcançar um EBITDA ajustado de 3.200 milhões de euros e antecipa uma cotação média do petróleo Brent de 85 dólares por barril, uma margem de refinação de nove dólares por barril e um preço médio do gás natural no mercado ibérico de 60 euros por MWh.