Noventa dias de um bailado de construção civil no Hospital de Gaia
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Durante noventa dias, o Centro Hospitalar Gaia-Espinho (CHVNG/E) viveu um "bailado de construção civil" para erguer a Unidade dos Cuidados Intensivos (UCI), totalmente nova e devidamente equipada.
O presidente do Conselho de Administração do CHVNG/E, Rui Guimarães, refere que esta obra "representa um marco porque a covid-19 veio mostrar a nossa fragilidade, pela necessidade de inventar espaços para acomodar os doentes que necessitavam de cuidados quando Gaia somava cada vez mais infetados com o novo vírus".
A obra da UCI estava projetada apenas para a fase C, mas a realidade obrigou à alteração dos planos e a avançar no calendário. "Mesmo nesta fase, conseguimos ter disponíveis estruturas definitivas, que não contentores, como tantas vezes acontece", sublinha Rui Guimarães, acrescentando: "Concluímos a obra em noventa dias, sem derrapagens orçamentais. Com a prata da casa, arquitetos e engenheiros, com a colaboração de empreiteiros e sempre tendo em conta as indicações dos profissionais que trabalham na UCI. Muitos não acreditaram que conseguiríamos realizar a obra no prazo definido por se tratar de uma unidade de raiz e uma obra de grande complexidade tecnológica. Foram noventa dias de um bailado em construção civil e engenharia, com todos os equipamentos mais sofisticados", conta com entusiasmo.
Com um investimento de 5,7 milhões de euros, as 21 camas passaram para 28, sendo que de 12 de intensivos passou-se a 16, e as 9 de intermédios passaram a 12.
Paula Castelões, diretora do Serviço de Medicina Intensiva Polivalente, afirma que "já há muito tempo que precisávamos de um serviço de medicina intensiva, e a Covid veio acelerar todo o processo. É uma mais-valia. Vivíamos na permanente angústia de onde deitar um doente. Agora temos uma maior maleabilidade do serviço".
Neste serviço há 13 anos, a médica congratula-se: "Este serviço é lindo, é o mais bonito do país, tem as melhores condições para os doentes e famílias".
Como será o futuro?
Estará tudo perfeito? "Nunca um profissional dirá que está 100% satisfeito", afirma Alexandra Almeida - diretora da Unidade de Gestão Integrada de Anestesia, Medicina Intensiva, Urgência e Emergência, acrescentando que "faz todo o sentido aglutinar todos os serviços no Monte da Virgem".
Por outro lado, "o aumento de camas no serviço de Medicina Intensiva vai ser fundamental após a covid-19, pois terá maior capacidade para dar resposta aos pós-operatórios diferenciados".
Rui Guimarães lembra ainda "as pequenas conquistas alcançadas", sublinhando que por agora existe o compromisso no Orçamento de Estado para 2021 para continuar as obras da fase C, que prevê o início da junção da Unidade 2 com a Unidade 1, o Centro Materno-Infantil e a Ortopedia, garantindo melhorias significativas no valor de 42 milhões de euros distribuídos por dois anos.
O presidente do Conselho de Administração salienta que "todas as obras que estão a ser realizadas são fruto do trabalho de muitos conselhos de administração" e recorda que o Hospital de Gaia "foi, no passado, prejudicado por estar próximo do Porto." Rui Guimarães afirma que, embora seja o único nesta parte do concelho e a unidade de saúde de referência direta para uma população de 350 mil habitantes, e indireta pode chegar a um milhão de habitantes, não voltará a ser prejudicada.
"Não faz qualquer sentido reverter o que se está a alcançar. Temos espaço para expandir, facilidades de acesso e a interligação do Hospital com a Câmara de Gaia veio apoiar as nossas ambições de crescer", conclui Rui Guimarães.