Pizas de borda alta e massa delicada, pintxos bascos, carpaccios, tapas e Aperol Spritz. O Complô, no Porto, renasceu com alma mediterrânica, na mesa e nas paredes em pedra descoberta, pintadas de branco e azul mar.
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Quando adquiriu o edifício devoluto, na Praça Filipa de Lencastre, Pedro Moura Bessa, que ainda dirigia os planos do Munchie - um dos pioneiros das hamburguerias artesanais no Porto - , já tinha na ideia abrir uma pizaria. Mas “às vezes a vida dá muitas voltas”, comenta, e quis o destino que tomasse outros caminhos antes de ali se fazerem pizas de estilo napolitano. Primeiro vendeu a hamburgueria e foi estudar para o Basque Culinary Center, em San Sebastián. Voltou em 2019 e abriu o Panda, naquela mesma morada. Era uma cozinha livre, de experimentação e aberta a várias influências, reflexo do próprio processo evolutivo do chef. Seguiu-se o Balcão, as tapas e as carnes. E em novembro passado chegou finalmente o forno de pizas, e com ele o Complô. “Sempre fiquei com essa ideia da pizaria e agora já sei o que quero oferecer aqui. É um restaurante muito descomprometido, com pratos descomplicados, simples, mas com sabor, tentando cumprir a época, por isso é que a carta vai mudando”, descreve o proprietário.
Julho vai trazer novidades ao menu de sabores mediterrânicos. O atum fresco chega em dose dupla, num tártaro servido com cerejas e molho de abacate; e num bife com molho de pimentas. Os mexilhões em escabeche também vão reforçar a lista de aperitivos, pensada mais para o final da tarde e para acompanhar a renovada carta de cocktails, que dá especial protagonismo a diversas variações de spritz.
As novas introduções vão continuar a deixar brilhar pratos e petiscos como a Gilda, um dos mais famosos pintxos bascos - uma das lembranças que Pedro trouxe do seu tempo em San Sebastián -, que consiste num mini espeto de guindilla (uma espécie de malagueta), anchova e azeitona. A beringela frita, servida com ricota e caril ou o carpaccio de novilho com foie gras e parmesão. A assinatura mediterrânica não invalida ainda outras influências, de que são exemplo os indianos pani puri de camarão com molho de kimchi e manga, frescos e crocantes. Já eram servidos na altura do Panda, e graças à sua popularidade resistiram às transformações do espaço.
De todas as categorias da carta, o capítulo das pizas é talvez o que tem uma abordagem mais clássica. Uma lista enxuta e direta ao assunto. Massa fina, leve e macia, borda alta. “Usamos massa mãe, com fermentação longa, no mínimo 24 horas, e o forno atinge os 400 graus, por isso conseguimos ter uma borda arejada e crocante”, informa Pedro.
O forno está à vista de quem preferir ficar na pequena sala do rés do chão, mais reservada e intimista. Em contrapartida, no primeiro piso há janelas abertas para a praça, paredes em pedra postas a descoberto e pintadas de branco e azul mar, uma antiga estrutura em tabique no centro da sala, candeeiros feitos em vime ou crochet, pratos decorativos, e um ambiente confortável e descontraído, onde não há pressa para voltar ao bulício da cidade.
Complô
Praça D. Filipa de Lencastre, 208, Porto
Tel.: 919 879 667
Das 12h às 00h. Sexta e sábado até às 01h. Não encerra.
Preço médio: 30 euros