A seleção de vinhos que lhe apresentamos visa, como sempre, mostrar-lhe novidades da cena vínica nacional. Neste tempo outonal, acrescentamos o importante vetor do queijo para lhe propor dez harmonizaçõesde sucesso. E fizemo-lo em duas frentes, colocando lado a lado produtos nacionais e franceses. Temos razões para estar orgulhosos.
Corpo do artigo
Mestiço de Tolosa e Chabichou para o vinho alentejano de estreia de Madalena Vidigal como produtora. Cabra Transmontano e Chèvre para um tinto do Douro sem madeira. Requeijão de Serpa e Brie para um branco genial do Baixo Alentejo. São Jorge e Comté para um excecional Touriga Nacional do Douro. Azeitão e Reblochon para um maravilhoso Chardonnay de Lisboa. Serpa curado e Mimolette não pasteurizado para um branco duriense clássico. Nisa e Camembert para um Douro de grande elegância. Serra da Estrela amanteigado e Pont L"Evêque para um Loureiro muito especial da região dos Vinhos Verdes. Serra da Estrela velho e Roquefort não pasteurizado para um Porto branco 50 Anos de grande fôlego. Castelo Branco e Munster para um Castelão do Tejo. Não se trata de comparar queijos portugueses com queijos franceses. Trata-se antes de valorizar o que é nosso e aprender que podemos ombrear com os melhores do mundo, quando não mesmo superá-los. Boas provas!
Vinha do Baco Douro tinto 2024 (14,5%) | Quinta do Castelo
6,50 euros
Pontuação*: 17
Simples, direto na fruta e sofisticado na complexidade comunicada pelas uvas de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz que o compõem. Vinhas de 40 anos em Santa Marta de Penaguião, lote duriense por excelência. Fermentação e estágio em inox. Charme e vigor na prova, vocação óbvia para a mesa. Casamento feliz com queijo de cabra transmontano, um dos queijos mais originais do país e talvez também o menos visitado. A fruta do vinho desmaia feliz nos braços lácteos do queijo. Funciona muito bem também com o Chèvre francês.
Pedra da Mãe reserva Alentejo tinto 2021 (13%) | Madalena Vidigal
25 euros
Pontuação*: 18
Nariz de cerejas maduras, violetas e tapenade de azeitona preta. Na boca, mostra ginjas e chocolate preto. Conciso e bem definido em todas as fases da prova, tem persistência assinalável e final longo e rico. Estamos perante um vinho gastronómico, castas Sousão, Touriga Nacional e Touriga Franca. Estágio em barricas usadas. Brilhante com queijo mestiço de Tolosa, de leite de ovelha e cabra (Norte alentejano), pela acidez moderada e pelas portas que abre ao vinho. Excecional com Chabichou (França), de leite de cabra, macio e ligeiramente picante.
Quinta da Barca Grande Reserva Touriga Nacional Douro tinto (14%) | Maria Helena Alves
50 euros
Pontuação*: 18
Sucedem-se os excelentes exemplos de trabalho conjunto da produtora Justina Teixeira com a enóloga Joana Pinhão. Este vinho marca claramente a maturidade do projeto, e muito podemos ainda esperar. Estágio de nove meses em barricas de carvalho francês. Nariz vibrante de raspa de laranja, vagem de ervilhas e bagas de arbusto. Boca muito elegante, a denunciar contenção na extração. Entrada suave, meio de boca especiado e final longo e equilibrado. Vai muito com queijo São Jorge de nove meses, e liga muito bem com queijo francês Comté.
Rocim Sommelier Edition Thomas Domingues Alentejo branco 2024 (12%) | Herdade do Rocim
31 euros
Pontuação*: 17,5
A série Sommelier Edition da Herdade do Rocim ganhou mais um grande título para o seu palmarés. Desta vez, aconteceu com o sommelier luso-francês Thomas Domingues e o resultado foi muito feliz. Produzido a partir das castas Arinto, Perrum e Rabo de Ovelha da propriedade. Fermentação em barricas de 500 litros de carvalho francês e austríaco e em ânfora de barro. Estágio de 11 meses. Nariz mineral e salino, para na boca revelar excelente acidez e capacidade de corte. Desempenho feliz com requeijão de Serpa, e nos queijos franceses, ótima ligação com Brie.
Quinta de Pancas Chardonnay Lisboa branco 2024 (13%) | Quinta de Pancas
15 euros
Pontuação*: 18,5
A Quinta de Pancas faz atualmente parte do projeto Winestone e pouco tempo volvido já se sente a atenção enológica renovada. O enólogo australiano David Baverstock governa os diversos títulos do grupo e teve particular atenção ao terroir de proveniência deste vinho. Produzido em estreme a partir da casta Chardonnay, apresenta um perfil que foge do mainstream que vemos no mercado. Aromas clássicos de manteiga e pastelaria, enquanto na boca revela uma acidez invulgar, num perfil cítrico. Ótimo com queijo de Azeitão, fantástico com Reblochon.
Duas Quintas Reserva Douro Branco 2024 (12,5%) | Adriano Ramos Pinto
24,50 euros
Pontuação*: 18
Produzido a partir de uvas-brancas selecionadas das quintas de Ervamoira e Bons Ares, este vinho é um dos clássicos do Douro. As castas que o compõem são Rabigato (89%), Arinto (9%) e Gouveio (2%). Fermentação em inox (70%) e em cascos de carvalho (30%) francês e austríaco de diferentes capacidades. Estágio de nove meses com as borras finas. Comportamento excecional à mesa, e a reação ao queijo é muito boa. Harmoniza bem com queijo de Serpa curado e entre os queijos franceses liga muito com Mimolette de quinta, não pasteurizado.
Quinta do Ameal Reserva Verdes branco 2023 (12,5%) | Quinta do Ameal
25 euros
Pontuação*: 18,5
A Quinta do Ameal pertence atualmente ao universo Esporão e é o bastião do grupo em matéria de frescura e adaptação aos desafios das alterações climáticas. A propriedade produz apenas uvas da casta Loureiro, a mais emblemática da região de Ponte de Lima, onde se encontra. Fermentação em barricas usadas de carvalho francês de 500 litros e foudres de carvalho austríaco de 2 mil litros. Estágio de nove meses, seguido de seis meses em garrafa. Grande complexidade, pede queijos fortes como Serra da Estrela amanteigado, e o francês Pont l"Evêque. Resultado garantido.
ZOM Douro branco 2024 (13%) | Van Zeller Wine Collection
8,50 euros
Pontuação*: 17
Uvas provenientes do Douro Internacional, ou Douro Superior. Após início da fermentação alcoólica em cuba de inox, 20% é passado para barrica de carvalho francês de segundo ano. É feita batonnage ao longo de quatro meses, tanto nas barricas como na cuba. No final é feita a junção das duas partes. O vinho resultante é muito fino e ao mesmo tempo penetrante. Isso configura o vinho particularmente para a mesa. Em termos de harmonização, é muito flexível, e o queijo não é exceção. Excelente com queijo de Nisa e, em termos de queijo francês, resulta bem com Camembert.
Bathoreu Castelão Tejo tinto 2023 (13,5%) | Agro-Batoréu
15,50 euros
Pontuação*: 18
Aromas de caruma de pinheiro e ameixa-preta, boca marcada por notas vinosas e verdes de vagens verdes. Este vinho é um grande representante da casta Castelão, tão estruturante no nosso país. As uvas provêm de vinhedos próprios em Aveiras de Cima e foram vinificadas com cuidado para conseguir uma extração moderada da carga tânica que caracteriza a casta. O resultado é excelente e demonstra como se pode atingir o topo com a mais clássica das nossas uvas. Perante esta força e elegância, abalançamo-nos para queijos poderosos como Castelo Branco e o francês Munster.
Quevedo Porto branco 50 Anos 2020 (20%) | Óscar Quevedo
295 euros
Pontuação*: 19
Resultado de mistura de várias castas, este vinho do Porto excecional só podia ser da lavra de Óscar Quevedo. Tranquila e discretamente, tem-nos dado vinhos de gabarito, tanto no Douro como no complexo universo dos vinhos do Porto. Aromas de tâmaras e figos secos, juntamente com impressões de cravinho, noz-moscada e canela. A boca é poderosa e copiosa. Leite-creme, toffee de caramelo e alcaçuz, num conjunto de beleza avassaladora. Excelente ligação com queijo Serra da Estrela velho, genial com queijo Roquefort não pasteurizado.