A cozinha peruana é um caldeirão de influências que põe na mesa do Inti pratos como o famoso ceviche, o fettuccine com lombo salteado e um clássico limenho que nasceu de uma revolução.
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A causa limenha, um prato típico da capital peruana, nasceu por altura da guerra pela independência, nas primeiras décadas do século XIX, e era vendida nas ruas para angariar dinheiro. “Por la causa limenha”, apregoavam os vendedores. No cerne desta receita está um puré de batata temperado com limão e ají amarillo. “Uma malagueta amarela que é um ingrediente base da cozinha peruana”, apresenta Ana Francisco, que ao lado do marido e chef de cozinha Michael Toledo, dá a conhecer esta e outras especialidades peruanas no restaurante Inti (a palavra significa Sol, em Quechua, a língua nativa do Peru e de outros países da América Latina).
Michael é natural de Lima, pelo que há uma tendência na carta para pratos que refletem o caldeirão cultural da cidade e a sua influência na gastronomia local. O lombo salteado, por exemplo, é habitualmente servido com um fettuccine a la huancaína (um molho à base do tal ají amarillo). “Há muita ascendência italiana em Lima, e asiática também. É daí que nasce o ceviche. E essa mescla, essa diversidade de pratos é o que nos identifica”, explica o chef.
Michael veio para Portugal há sete anos. O casal vivia em Lisboa, onde o chef passou por várias cozinhas, quando decidiu mudar-se para o Porto e abrir um restaurante em nome próprio, com “uma proposta sincera, honesta”, define. Para facilitar o caminho de descoberta da cozinha peruana aos mais céticos, o casal criou uma vertente de fusão, onde introduzem ingredientes mais familiares, como o bacalhau, trabalhado com sabores típicos do país.
Em menos de um ano, a crescente procura e as limitações da pequena cozinha obrigou-os a procurar um espaço maior e mais ajustado ao que queriam fazer. Mudaram-se para a nova morada no início de março, e a transição promete trazer novos pratos, como o ají de gallina (frango com molho de ají amarillo) e produtos como a quinoa e carapulcra, uma batata seca ao sol, que tem de ser hidratada antes de cozinhar. “Esse processo acaba por dar um sabor e uma textura diferentes”, realça Ana. Muitos dos ingredientes são importados do Peru, como é o caso das malaguetas e dos milhos, entre eles o roxo, que é utilizado para fazer a chicha morada, uma bebida típica que resulta da cozedura do milho com especiarias, e a que se junta limão e xarope de açúcar no momento de servir. É também a base do chicha sour, uma adaptação do clássico cocktail pisco sour. À lista de bebidas juntam-se ainda cervejas peruanas e o Inka Kola, um refrigerante popular no país. Durante a semana, entre as 17h e as 19h, há happy hour no Inti. E o casal quer ainda trazer momentos de música tradicional ao vivo. Uma festa aos sabores peruanos.
Inti
Rua do Monte Alegre, 332, Porto
Tel.: 913 007 677
Web: instagram.com/inti.porto
Das 12h às 15h e das 17h às 22h, de terça a sábado; até às 16h ao domingo
Preço médio: 18 euros