Catarina Furtado, Fátima Lopes, Bárbara Guimarães, Conceição Lino ou Ana Marques são alguns dos rostos femininos que brilham hoje na televisão portuguesa. Todas elas foram "descobertas" ou lançadas pelo mesmo homem: Emídio Rangel.
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O antigo jornalista e fundador da SIC, que morreu esta quarta-feira vítima de um cancro na bexiga, em Lisboa, ajudou a revolucionar a televisão em Portugal e foi pela sua mão que várias estrelas nacionais da atualidade se estrearam à frente das câmaras.
Catarina Furtado tinha apenas 20 anos quando viu Emídio Rangel desafiá-la a "voos mais altos". "Ele, primeiro, quis que eu fizesse um curso de pivô, e eu fi-lo com a Alberta Marques Fernandes, o José Alberto Carvalho e outros colegas da área. Mas depois acabou por achar que eu tinha capacidades para abraçar um programa de entretenimento", começa por recordar ao IN" a atual apresentadora da RTP1. "O "Chuva de Estrelas", naquela altura, era uma das grandes apostas de programação da SIC. Eu ainda lhe disse que não estava preparada para fazê-lo, mas ele, com a sua capacidade mobilizadora e inquestionável capacidade de argumentação, acabou por me convencer de que seria capaz. E a verdade é que fui", lembra Catarina, que se estreou na SIC a apresentar "MTV Portugal" e vestiu a camisola de Carnaxide até 2002. Para ela, Emídio Rangel foi um "tutor". "Conheci-o ainda em criança, o meu pai [o jornalista Joaquim Furtado] também esteve associado à criação da rádio TSF. Eu cresci com ele. Entre nós, havia uma admiração mútua", sublinha.
Por sua vez, Fátima Lopes, 49 anos, começou a tornar-se uma certeza na televisão em Portugal ao estrear-se, em 1994, na condução de "Perdoa-me", na SIC. AO IN", a agora apresentadora de "A Tarde É Sua", da TVI, admite que, "se não tivesse sido o Emídio, se calhar hoje estava a fazer outra coisa". "Ele achou que eu tinha qualquer coisa de especial, que o levou a considerar que eu devia ser apresentadora. Dizia que eu comunicava bem e foi assim que tudo começou. Ele tinha uma intuição muito apurada e na maior parte das situações deu-se bem nas escolhas que fez", vinca a apresentadora, que durante 15 anos conduziu programas de sucesso na SIC, entre outros, o talk-show "Fátima".
Já Bárbara Guimarães fez questão de assumir a sua eterna gratidão a Emídio Rangel. "Hoje, partiu um dos homens que está na história da televisão em Portugal. Um homem persistente cheio de garra, com uma força única. Obrigada, Emídio, por me teres apresentado à casa que tanto amo, a SIC. Que todas as estrelas te iluminem...", escreveu a apresentadora da SIC na rede social Facebook.
Também Conceição Lino, 49 anos, que conduz "Boa Tarde", na SIC, e se afirmou como um dos principais rostos da estação, primeiro, na informação e, depois, do entretenimento, lembra com carinho o seu início de carreira que, igualmente, aconteceu por culpa de Rangel. "Eu tinha uns 26 anos quando tudo aconteceu. O Emídio Rangel viu uma cassete onde eu aparecia num programa e foi dá-la à Maria Elisa. E disse-lhe: "É preciso ter atenção àquela miúda". Ele confiou que eu seria capaz", recorda ao IN". "A cara da SIC ainda lembra o dia em que se estreou à frente dos noticiários. "Quando terminou a emissão, ele entrou pelo estúdio a aplaudir como se aquele fosse o primeiro jornal da SIC. Ele era um diretor sempre próximo das pessoas, sempre pronto a dar um abraço", elogia.
Também Ana Marques, que foi selecionada para apresentar a meteorologia na SIC, vingou na TV fruto do investimento de Emídio Rangel, cujo funeral se realizou esta sexta-feira, em Lisboa. "Ele foi determinante na minha vida. Fiz um casting, mas não sabia que era para a SIC. Há um dia, então, em que o realizador João Salvado se fecha num gabinete com o Rangel, e eu ouvi-o dizer: "É essa a que fica!". Nunca me esqueci dessas palavras", relembra a apresentadora, que se celebrizou à frente dos programas infantojuvenis "Buéréré e "Bravo Bravíssimo".