Nas primeiras reações ao mais alto nível europeu, Juncker foi irónico e Tusk crítico. O presidente do Conselho Europeu lamentou hoje que "os problemas" causados pelo Brexit se mantenham, além do mandato dos que tomaram a decisão.
Corpo do artigo
A responder a uma questão sobre a renúncia de David Davis do cargo de negociador britânico para o Brexit, instantes antes de ser conhecida a decisão que o estrago no governo de Theresa May era afinal mais alargado, Donald Tusk lamentou que só os políticos sejam efémeros.
"Os políticos vêm e vão. Mas os problemas que eles criaram às pessoas subsistem. A confusão causada pelo Brexit é o maior problema das relações da União Europeia com o Reino Unido e está muito longe de ficar resolvido, com ou sem o senhor Davis. Infelizmente, a ideia do Brexit não se foi com David Davis", disse, na altura em que se soube da notícia de que Boris Johnson acabara de abandonar o ministério dos Negócios Estrangeiros.
O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, que se preparava para reagir à saída do negociador Britânico, foi rápido e irónico na resposta à demissão do ministro britânico dos negócios estrangeiros, considerando que uma tal decisão "prova claramente que havia uma enorme unanimidade de pontos de vista no gabinete britânico".
Ainda surpreendido, Donald Tusk disse nada ter a acrescentar. "Posso apenas repetir o que disse sobre David Davis, há um minuto", afirmou.
É um problema, mas "não para nós"
Ao inicio da tarde, o serviço de porta-vozes da Comissão Europeia afirmou a disponibilidade de Bruxelas para trabalhar com o Reino Unido. O porta-voz da Comissão, Margaritis Schinas garantiu que do lado europeu, as negociações poderiam continuar no mesmo espírito de sempre, o de "boa-fé".
"Continuaremos a negociar de boa vontade e boa-fé, com a primeira-ministra May e com os negociadores do governo Britânico, com o objetivo de alcançar um acordo", disse, escusando-se a emitir qualquer juízo de valor sobre o impacto da saída do negociador britânico, para o Brexit, relativamente à possibilidade de isso se traduzir na ausência de um acordo,
"Estamos aqui para fazer o nosso trabalho. O calendário é conhecido. É apertado. Todos sabem disso. Estamos disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana", assegurou.
Questionado diretamente sobre se a saída do negociador britânico para Brexit e a necessidade de estabelecer uma nova relação com um novo negociador, causa um problema, o porta-voz da comissão dá uma resposta curta.
"Não o é para nós. Estamos aqui para trabalhar", afirmou de forma lacónica.