Médicos do Reino Unido descobriram uma nova técnica cirúrgica para tratar o cancro da próstata que oferece esperança para prevenir a disfunção erétil. A NeuroSAFE remove o tumor sem intervir na camada externa da próstata.
Corpo do artigo
Em todo o mundo, quase um milhão e meio de homens são diagnosticados e 375 mil morrem de cancro da próstata por ano. A doença é mais comum em pessoas com mais de 50 anos e não causa sintomas nas fases iniciais.
Desenvolvimentos recentes numa cirurgia robótica permitiram que alguns médicos do Reino Unido removessem a próstata com o tumor e preservassem os nervos essenciais da camada externa da glândula, considerados responsáveis por desencadear a ereção.
Conhecida como NeuroSAFE, a cirurgia duplica a probabilidade de os homens manterem a função erétil, quando comparada à cirurgia padrão, que tem um risco significativo de disfunção erétil no pós-operatório.
Através desta cirurgia, o tecido da próstata que é removido do paciente durante a operação, é examinado para a deteção de células cancerígenas. Se o exame sugerir que o tumor foi removido, a camada externa da próstata pode ser deixada intacta, o que reduz o risco de futuros problemas eréteis no paciente. No entanto, se o cancro estiver muito avançado e o tumor atingir a superfície da glândula, os médicos optam por remover a próstata por completo, para garantir que nenhuma célula cancerígena é deixada para trás.
“A cirurgia do cancro da próstata é uma opção que salva a vida a muitos homens, mas pode causar efeitos colaterais, como problemas de ereção”, garantiu Matthew Hobbs, médico e diretor da investigação Prostate Cancer UK, citado pela BBC. O espedialista defende que “este estudo é promissor e fornece provas de que algumas cirurgias podem reduzir a disfunção erétil em alguns homens”. No entanto, Matthew explica que ainda é preciso analisar quais os homens que podem vir a beneficiar desta cirurgia.
Um estudo recente avaliou 344 homens com cancro da próstata sem antecedentes de disfunção erétil. Metade foi submetida ao procedimento NeuroSAFE e a outra metade a uma cirurgia padrão. Um ano depois, 56% dos homens que foram submetidos à cirurgia padrão manifestaram disfunção erétil grave.
De acordo com Greg Shaw, principal autor do estudo, este procedimento é uma mais-valia para os cirurgiões, porque os ajuda a conservar um grande número de nervos, e dá aos homens “uma maior esperança de recuperarem a potência sexual, após a remoção cirúrgica do cancro”.
Os detalhes do estudo foram apresentados no congresso da Associação Europeia de Urologia de 2025, em Madrid, e publicados na revista “Lancet Oncology”.