Lançado esta segunda-feira nos Estados Unidos, o MH-1 é o segundo aparelho português a ir para o espaço, 30 anos depois do PoSat-1.
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Vigiar o oceano Atlântico para acompanhar a biodiversidade marinha e a evolução da temperatura marítima face as alterações climáticas. É esta a missão que leva Portugal de volta ao espaço 30 anos depois do lançamento do primeiro satélite com selo nacional, o PoSat-1. Após três anos de muita cooperação e testagem, o MH-1, o 2.º satélite português, é lançado esta segunda-feira à noite, à boleia do foguetão “Falcon 9” da “Space X”, empresa de Elon Musk, a partir de uma base na Califórnia, Estados Unidos.
O nanosatélite, desenhado, feito e testado em Portugal, vai muito além da recolha de imagens. “Ao estar associado a “tags”, dispositivos que vão agarrados a animais marinhos de grande porte, permite que haja uma comunicação entre estes e as estações terrestres”, explicou, ao JN, Rui Magalhães, diretor da Unidade do Espaço do CEiiA, centro tecnológico que criou o MH-1. Em terra, as informações sobre os movimentos de populações de tubarões, por exemplo, serão recebidas pelo centro de comando na Ilha de Santa Maria, nos Açores, e tratadas no CEiiA em Matosinhos.
Criado em consórcio
Um dos grandes desafios neste “longo processo” foi incorporar naquele paralelepípedo de 30 centímetros de altura por dez de largura “todos os sistemas que o permitam operar conforme o seu fim”, partilha Rui Magalhães. Neste aparelho - que vem iniciar o que pode ser uma nova era espacial para o país -, foram investidos quase 2,8 milhões de euros, grande parte vindos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
A ideia nasceu com o projeto “Aeros”, que avançou em 2020 pela mão do CEiiA, em parceria com o norte-americano MIT, ao qual se juntou também a empresa Thales Edisoft. A equipa tornou-se “muito mais extensa”, como não poderia deixar de ser para “uma empreitada” desta dimensão com o contributo das universidades do Algarve, Minho e Porto, e do Técnico, entre outras entidades.
Os dados captados pelo aparelho, a 510 quilómetros da Terra, durante, pelo menos, os próximos três anos, contribuirão para a comunidade cientifica desenvolver investigações. As descobertas serão agregadas numa única plataforma. O responsável sublinha que este “é um passo de uma estratégia muito mais alargada no espaço”, com vista a “uma primeira família de satélites de alta e muito alta resolução”, inseridos na Constelação do Atlântico.