Crimes apontados a cinco adeptos do Vitória de Guimarães não se provaram em julgamento. Advogado diz que os vitorianos estão a ser instrumentalizados.
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O Tribunal Judicial de Guimarães absolveu, na última quinta-feira, cinco membros da claque White Angels, do Vitória Sport Clube, que tinham sido acusados pelo Ministério Público da prática, em coautoria, de dois crimes de injúrias agravadas e outros tantos de ameaças agravadas, presumivelmente cometidos contra dois polícias. Os factos que deram origem à acusação remontam a 23 dezembro de 2018, data em que o Vitória jogou em Guimarães contra o Sporting Clube de Portugal.
O processo nasceu da denúncia de dois agentes da PSP destacados para fazer o policiamento e vigilância do grupo de adeptos da equipa da casa, nomeadamente na sua entrada e saída do Estádio D. Afonso Henriques. Todavia, em sede de julgamento, onde os arguidos optaram por não prestar declarações, não se fez prova senão da condição socioeconómica dos acusados e do facto de não terem antecedentes criminais.
Para o tribunal, o Ministério Público não conseguiu provar que os arguidos integravam o grupo de cerca de 20 a 30 adeptos que se dirigiram aos dois agentes da PSP, no momento em que estes faziam a detenção de outro apoiante da equipa vitoriana, no final do jogo da 14.ª jornada da Liga Nos 2018/19.
"Postura persecutória"
Depois de ouvidas as testemunhas, nomeadamente um chefe e três agentes da PSP, também ficou por demonstrar que os acusados proferiram as frases injuriosas e ameaçadoras que lhes foram atribuídas pela acusação.
"No momento em que tal grupo de adeptos se lhes dirigiu, procederam à detenção de pelo menos dois indivíduos, nenhum deles se tratando dos aqui arguidos", destaca a sentença, acrescentando que, mais tarde, os arguidos foram identificados por outros elementos policiais, sem que se conhecessem as circunstâncias concretas em que foi feita essa identificação.
O advogado dos membros do White Angels, Pedro Miguel Carvalho, conclui que "não havia qualquer fundamento para a condenação" e que nem devia ter havido acusação. O jurista imputa ao Ministério Público "uma postura persecutória que pretende instrumentalizar os adeptos do Vitória no âmbito do combate à violência no desporto".