Um advogado, arguido no processo que envolve 13 polícias de Cascais, admitiu, esta terça-feira, que pediu a agentes para obrigarem um inquilino a pagar as rendas em atraso ao senhorio, seu cliente.
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Dos 28 arguidos, que começaram a ser julgados por segurança privada ilegal, extorsão, corrupção, tráfico de armas e drogas, entre outros, apenas o advogado, um oficial da justiça, um agente da PSP e um guarda prisional manifestaram, por agora, intenção de prestar declarações ao Tribunal Central de Lisboa.
Interrogado esta terça-feira de manhã, o advogado negou ter pago dinheiro a alguns dos polícias arguidos no processo a troco de favores, e rejeitou a prática dos crimes pelos quais está a ser julgado: três de corrupção ativa e dois de coação agravada.
Segundo o despacho de pronúncia, o advogado pediu aos agentes da PSP, "seus amigos", que "obrigassem" um inquilino a pagar as rendas em atraso ao senhorio, seu constituinte, a troco de dinheiro, o qual seria depois distribuído por todos.
"Não foi para coagir ninguém ou para pedir nada de ilícito que liguei aos agentes. Nunca pedi dinheiro nenhum ao senhorio, nem nunca dei, nunca prometi, nem eles [agentes da PSP] aceitariam o dinheiro. O que está na acusação é um romance, é completamente falso e fruto da mente fértil do investigador", disse o advogado perante o coletivo de juízes presidido por Pedro Cunha Lopes.
O arguido reconheceu, contudo, que teve "excesso de zelo" quando pediu aos agentes, por diversas vezes, que abordassem o inquilino para que este entregasse a chave da casa, uma vez que a dívida de rendas ascendia a mais de 2.300 euros.
A próxima sessão será na quinta-feira, estando já agendadas sessões até julho.
* com Lusa