Dois dos advogados de quatro arguidos militares detidos na "operação Húbris" defenderam esta quinta-feira que na génese da investigação está "uma guerra" entre Polícia Judiciária e Polícia Judiciária Militar (PJM).
Corpo do artigo
Os oito arguidos detidos no âmbito da operação que investiga o aparecimento, em outubro, das armas roubadas em Tancos foram, esta quinta-feira de manhã, identificados pelo juiz de instrução criminal João Bartolo.
"Temos ali uma tese que precisa de provas. Não vejo que haja aqui qualquer tipo de criminalidade imputável à Polícia Judiciária Militar (PJM)", disse aos jornalistas o defensor dos três militares da GNR, Luís Cruz Campos, que adiantou que ainda não falou com os clientes e que ainda não sabe se vão prestar declarações.
Não há provas conclusivas, mas sim banalidades e trivialidades
Segundo o advogado, o processo tem vários tipos de provas, mas "não há provas conclusivas, mas sim banalidades e trivialidades".
Por sua vez o advogado João Magalhães, defensor de outro elemento da PJM, também insiste na existência de uma "guerra de polícias", em que "toda a gente tem a pretensão de querer colher os louros de uma investigação".
"Temos duas investigações a correr ao mesmo tempo, duas polícias a investigar, e daqui resulta uma competitividade que espelha, neste processo, aquilo que não deve ser feito", afirmou.
Para o advogado, o Estado não pode permitir estas quezílias entre polícias, dizendo que este processo é bom para quem defende a "extinção da polícia judiciária militar".
"O poder político deve refletir sobre isso", sustentou.
A primeira sessão de interrogatório judicial, que serviu para identificar os oito arguidos, será retomada à tarde, provavelmente com o início dos interrogatórios de quem pretende prestar declarações.
9908012
O diretor-geral da Polícia Judiciária Militar, Luís Vieira, foi detido na terça-feira, estando entre os oito visados por mandados de detenção emitidos na "Operação Húbris", relacionada com o caso das armas furtadas em Tancos.
Além de Luís Vieira, os mandados de detenção visaram outros três responsáveis da PJM, um civil e três elementos da GNR.
Fonte ligada à investigação referiu que este caso se prende com a encenação montada relativamente à descoberta e recuperação das armas que haviam sido furtadas em Tancos.
Na operação participaram cinco magistrados do Ministério Público e cerca de uma centena de investigadores e peritos da Polícia Judiciária.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Em 18 de outubro, a Polícia Judiciária Militar recuperou, na zona da Chamusca, quase todo o material militar que tinha sido furtado, à exceção de munições de nove milímetros.
Contudo, entre o material encontrado, num campo aberto na Chamusca, num local a 21 quilómetros da base de Tancos, havia uma caixa com cem explosivos pequenos, de 200 gramas, que não constava da relação inicial do material que tinha sido furtado, o que foi desvalorizado pelo Exército e atribuído a falhas no inventário.