Pouco mais de vinte e quatro horas depois de o JN ter divulgado as queixas de dezenas de clientes sobre viagens ao estrangeiro pagas que nunca aconteceram, Clarisse Bajanca, gerente da AlenTravel, de Elvas, comunicou esta segunda-feira na rede social facebook que a agência está “encerrada temporariamente”.
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A notícia e o fecho da agência motivaram novas denúncias de angariadores e clientes, que estão a tornar públicas as suas histórias para “denunciar um golpe dado pela empresa e a sua gerente”, como garantiu ao JN António Pinto, de Setúbal, uma das 41 pessoas que contrataram um passeio a Benidorm, de 2 a 9 de setembro, o qual nunca se realizou.
“Ao senhor Carlos Xavier 35 pessoas pagaram 22 mil euros que este transferiu para a conta da agência e seis fizeram o pagamento direto a esta, no valor de 2.902,50 euros, mas a viagem não se realizou”, conta António Pinto. Na véspera da partida, acrescenta, o angariador contactou todos os participantes “informando que o passeio havia sido cancelado pela agência, com o argumento de que tinha ocorrido um erro no hotel, na atribuição dos alojamentos”.
António Pinto é dos poucos viajantes que tem uma fatura e um recibo no valor de 1.290 euros, que comprova a aquisição da viagem que iria fazer a Benidorm, emitido pela Mensagens e Sinfonias, Lda, empresa que “suporta” contabilisticamente a AlenTravel.
Ontem à tarde um grupo de alegados lesados oriundo de Setúbal esteve em Terrugem para procurar informações. A GNR de Portalegre informou que foi chamada ao local e que “não se registou qualquer tipo de altercação”. O JN apurou assinaram o livro de reclamações da agência e levaram recibos das viagens que pagaram e não realizaram.
Com o crescente aumento do número de pessoas revoltadas com o “reagendamento” de viagens que nunca mais se realizaram, a máxima responsável da AlenTravel informou nas redes sociais que “a agência encontra-se temporariamente encerrada para reestruturação da empresa e que todos os clientes serão contactados”. “Seremos o mais céleres possíveis com o assunto, mas encontramos disponíveis para qualquer esclarecimento via mail”, acrescenta, sem explicar os motivos que levaram ao encerramento.
Clientes da agência que dizem ter sido burlados apresentaram queixas na Polícia Judiciária e no Turismo de Portugal. Clarisse Bajanca , a visada desmente as acusações, justificando que “não existem pessoas enganadas, nem burlas”.
Inácia Coelho, residente em Tavira, formou um grupo de 35 pessoas em que cada uma pagou 485 euros por uma viagem a Lourdes, França, entre 5 e 9 de outubro, que não foi realizada.
A angariadora viu-se a braços com o pedido de 16.975 euros, por parte das pessoas que iriam viajar. Envergonhada, Inácia pediu desculpas através do facebook, explicando que “a agência cancelou o passeio na véspera da viagem deixando-me a mim e ao resto do grupo estupefacto, descontente e revoltado”. No entanto, assegurou que assumirá “toda a situação”, e que vai devolver do seu bolso o dinheiro recebido e entregue à agência.
Depois do encerramento, o JN perguntou à gerente qual a duração do mesmo, o número de pessoas afetadas e o valor das viagens. Clarisse Bajanca respondeu que “a agência não tem nada a informar ao JN”.