As palavras "medo" e "surpresa" ouviam-se repetidas a cada passo, quarta-feira, na vila de Arouca.
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Ninguém esperava que Pedro Dias, que cresceu e casou na terra, fosse suspeito dos homicídios de anteontem em Aguiar da Beira, mas agora é o sentimento de insegurança que paira no concelho."Ninguém está a salvo enquanto não o apanharem", disse ontem ao JN um arouquense.
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Em Arouca, poucos foram os que quiseram dar a cara e falar do suspeito, com exceção daqueles que há muito o conhecem e permanecem incrédulos com as notícias. "Quem o visse, parecia um paz de alma, respeitador, brincalhão. Matar, ninguém diria", dizia um popular, no centro da vila. "Isto é um meio pequeno, agora ninguém está bem. Temos medo", acrescentava outro.
Ficámos surpreendidos. É um porreiraço
"Está toda a gente com medo. É horrível", enfatizava uma arouquense, que falava, contida, sobre uma pessoa que conhece bem.
Morada fixa e emprego fixo em Portugal ninguém conhece a Pedro Dias, para além de alguma criação de animais para venda (a família tem uma quinta na localidade de Várzea) e de que teria sido piloto na África do Sul, onde esteve emigrado uns poucos de anos, segundo uns vizinhos dos pais.
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Todos os contactados pelo JN lhe reconhecem traços de rebeldia e até o envolvimento passado em furtos, mas é a boa disposição e a camaradagem que quem conhece Pedro Dias destaca ao JN. "É um indivíduo excecional, sempre bem-disposto, amável, amigo do amigo, de boa família. Custa-me a acreditar que tenha chegado ao ponto de matar", nota o amigo António Sousa. "Só se estivesse fora de si, com drogas, ou agisse em reação a qualquer situação má", acrescenta, admitindo ainda que tivesse atuado acompanhado.
Também Ângelo Miranda, da vizinha União Panificadora Central Arouquense, que conhece Pedro Dias desde criança, sustenta que é um pessoa de muitos amigos, que não vê a matar. "Não devia levar o rótulo de assassino, sem se saber o que aconteceu", defende.
"Ficámos surpreendidos. É um porreiraço", afirmou outro vizinho da Várzea. Pedro Dias era muitas vezes visto em Arouca e até ajudou no combate aos incêndios na serra da Freita, no verão, segundo Diogo Cardoso, que o conheceu nessa situação.