Antigo dux da Lusófona confirma que participou em fins de semana como o da tragédia no Meco
Fábio Jerónimo, ex Dux da Lusófona que antecedeu João Gouveia, propôs que este o sucedesse no cargo, mas diz em tribunal que não acompanhou o seu trabalho. "Quis-me afastar e apenas estive com ele uma vez". Disse ainda que participou em três fins de semana como aquele em que aconteceu a tragédia.
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Questionado por Vítor Parente Ribeiro, advogado das famílias, sobre a forma de João Gouveia praxar, enquanto representante de curso, Fábio Jerónimo disse que "não se distinguia dos restantes, praxava como todos os outros".
Fábio Jerónimo esteve em três reuniões como aquela que ocorreu no Meco, entre representantes de curso e o dux para definir as praxes, um fim de semana também conhecido como o conselho máximo da praxe (MPC).
O ex dux conta que este papel permite praxar todos e tem capacidade de liderança e trabalho, uma vez que é eleito por todos os representantes de curso. "Não pode ser praxado por ninguém, nem pode receber ordens".
"Enquanto dux, no meu caso, tentava sempre perceber as razões para alguém não querer ser praxado, era conhecido como o dux das oportunidades, mas enquanto era representante de curso, praxava mais".
Fábio Jerónimo diz que os representantes de curso tinham que realizar um relatório mensal sobre as atividades. "Se um representante fizesse quatro atividades e outro uma, era colocada a hipótese de ser substituído ou ter ajuda". Nas atividades realizadas com caloiros, Fábio Jerónimo conta que eram na maioria realizadas fora da universidade para "não atrapalhar as aulas".
Confrontado com o conhecimento da universidade sobre as atividades do COPA, o ex dux diz que não havia. "As reuniões que realizavam os dentro da faculdade tratavamos com a associação de estudantes, nem se falava com a administração".
As vítimas da tragédia do Meco, representantes de cursos na universidade, foram escolhidas para o cargo pela sua personalidade. Fábio Jerónimo conta em tribunal esta tarde de terça feira que foram escolhidas por "serem um exemplo na vida académica e por ajudarem o próximo".
O hoje personal trainer conta que a Comissão Organizadora das Praxes Académicas (COPA) era do conhecimento geral, mas não tem a certeza de que fosse do conhecimento da administração da universidade.
De manhã, Rui Osório, ex dux que também antecedeu João Gouveia nesse papel afastou quaisquer responsabilidade desta instituição na organização das praxes. No tribunal de Setúbal, onde testemunhou durante esta manhã, o ex dux foi questionado com mensagens trocadas com Manuel Damásio, administrador da Lusófona. Nestas mensagens depois da tragédia do Meco, o administrador referia que não podiam vacilar. Rui Osório disse que se referia à pressão mediática e que nunca houve qualquer intenção pela universidade em coordenar qualquer estratégia no pós tragédia do Meco.
Rui Osório esteve na praia do Meco no domingo seguinte à tragédia e afirma ter pedido por telefone a João Gouveia para se dirigir ao local, "pois estava uma grande confusão". "Ele desligou a chamada e não apareceu", afirmou.
O ex dux ressalvou em tribunal que ninguém era forçado a ser praxado nem a participar no fim de semana quando ocorreu a tragédia. "Houve três pessoas que faltaram nesse fim de semana".