Dois desempregados tornaram-se nos maiores ladrões de supermercados do país e ganharam dezenas de milhares de euros a furtar e vender no mercado negro bebidas de marca e caras.
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Residentes em Felgueiras, tinham a particularidade de se deslocar sempre num táxi até aos alvos, desde Póvoa de Lanhoso a Leiria. A sua sorte acabou-se numa fiscalização de rotina da GNR, ao fim de cinco meses. Começam em breve a ser julgados em Guimarães por 56 furtos. Outros seis arguidos, donos de restaurantes, cafés e discotecas, respondem por recetação.
António V., de 45 anos, e Eugénio P., de 56, terão conseguido apoderar-se de milhares de garrafas no valor de dezenas de milhares de euros de supermercados Lidl, Pingo Doce, Intermarché ou MiniPreço. O táxi usado nas deslocações era de Eugénio.
Negócio garantido
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), os dois homens tinham sempre a mesma forma de atuar. Eugénio ficava no carro junto da porta de entrada do supermercado e vigiava. Enquanto isso, António, como se fosse um cliente, entrava e dirigia-se à secção de bebidas, onde escolhia as garrafas que já tinham clientes destinados. Depois, dissimulava-as na roupa e passava pela caixa registadora, iludindo os funcionários e os alarmes. Desconhece-se se usariam algum dispositivo para inibir os detetores.
Esse método, repetido à exaustão, permitiu-lhes lucrar dezenas de milhares de euros com as bebidas, entre finais de dezembro de 2017 e meados de maio do ano passado.
No primeiro furto, no Intermarché da Póvoa de Lanhoso, António deitou a mão a uma garrafa de aguardente de Borba, de 30 anos, que valia perto de 110 euros. No mesmo dia, foram fazer mais "compras" ao Pingo Doce da mesma localidade de onde retiraram perto de 400 euros de bebidas. Tomaram-lhe o gosto e, perante as facilidades, passaram a levar também uísque, cachaça, gin, licor Beirão, vodka, champanhe francês e bons vinhos. Só nas lojas da cadeia Lidl de Paredes, Penafiel, Lousada e Fermentões, esta em Guimarães, a acusação garante que os indivíduos furtaram 633 garrafas em dois meses.
Apanhados por acaso
Mas a sorte de António e Eugénio mudaria no dia 5 de maio do ano passado, numa fiscalização de rotina da GNR ao táxi, em Lourosa, Feira. Levavam 87 garrafas de gin, uísque, aguardentes, vinho, brandy e vinho do Porto.
Sete dias depois, a GNR fez buscas em casa dos suspeitos, descobrindo novo manancial de bebidas prestes a ser vendidas a donos de cafés e restaurantes, a preços muito abaixo do de mercado. Algumas garrafas ainda tinham o sistema de alarme no gargalo. Nos clientes dos suspeitos - seis dos quais serão julgados por recetação - também foram apreendidas dezenas de garrafas, algumas ainda com impressões digitais de António.