Associação critica RTP por exibir cartoon de militar da GNR a vigiar agricultor acorrentado

Animação alude aos militares da GNR que foram detidos pela PJ por vigiarem trabalhadores estrangeiros em explorações agrícolas do Alentejo
Foto: RTP
A Associação Nacional de Oficiais da Guarda Nacional Republicana (ANOG) manifestou o seu "descontentamento" pela forma como os militares da GNR foram retratados num cartoon, exibido esta sexta-feira na RTP, em que os guardas daquela força policial são representados a vigiarem um trabalhador agrícola acorrentado.
Apesar de reconhecer a "liberdade de expressão" do autor da sátira, a associação considera que a animação em causa, que alude aos militares da GNR que, na semana passada, foram detidos pela PJ por vigiarem trabalhadores estrangeiros em explorações agrícolas do Alentejo, ultrapassa os limites do bom senso.
"Mesmo na arte criativa e do grande chapéu da liberdade de expressão, deveria existir sempre o bom senso e a justiça de não generalizar a parte pelo todo. Ridicularizar e denegrir a imagem do militar da GNR que todos os dias coloca em risco a sua vida para que a sociedade possa viver em segurança não é correto", refere a ANOG, referindo que já demonstrou ao canal público a sua insatisfação.
Por fim, a ANOG deixa um desafio ao autor do cartoon: que produza também uma obra dedicada às "boas ações e serviços que a GNR realiza diariamente e que raramente são homenageados".
Militares da GNR foram libertados
A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), recorde-se, vai ponderar a aplicação de medidas cautelares aos dez militares da GNR e ao agente da PSP detidos por suspeitas de integrarem o esquema de auxílio à imigração ilegal. Os mesmos foram libertados no sábado apenas com termo de identidade e residência e regressaram esta semana ao serviço, mas arriscam medidas cautelares de suspensão preventiva de funções, transferência provisória ou desarmamento.
Qualquer decisão da IGAI só será tomada, no entanto, depois de receber do Ministério Público os elementos do processo de inquérito-crime que está a decorrer no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, o que ainda não aconteceu, segundo disse, ao JN, fonte oficial daquele organismo, responsável pelos processos disciplinares que vão correr em paralelo ao criminal.
Questionada sobre o facto de os dez militares terem regressado ao serviço (o agente da PSP está de baixa há mais de um ano), a IGAI informou na terça-feira que foi determinada "na presente data" a abertura dos onze processos disciplinares, na sequência da decisão da ministra da Administração Interna".
"Logo que recebidos os elementos solicitados [ao MP], será efetuada a ponderação de eventual proposta de aplicação de medidas cautelares, de entre as enumeradas nos artigos 88.º, n.º 1, do Regulamento de Disciplina da Guarda Nacional Republicana, e 77.º do Estatuto Disciplinar da Polícia de Segurança Pública", adiantou a "polícia das polícias".
No sábado, a IGAI disse que aguardava o despacho de aplicação das medidas de coação para ter "uma noção rigorosa da factualidade" imputada a cada um dos 11 elementos da GNR e da PSP. Mas, horas depois, o TCIC fez saber que a maioria dos indícios contra aqueles 11 estava em escutas telefónicas que ainda não tinham sido transcritas para o processo. Tal lapso, por afetar os direitos de defesa dos arguidos, deverá ser corrigido em breve, mas levou a juíza a não usar as escutas para indiciar os arguidos dos crimes.

