Escola profissional de Penacova acusa presidente da Câmara e vereador da Educação de tentarem prejudicá-la, para beneficiarem grupo privado GPS.
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A Escola Profissional Beira Agueira (EBA) apresentou na Polícia Judiciária de Coimbra uma queixa-crime contra o presidente da Câmara de Penacova, Álvaro Coimbra, e o vereador com o pelouro da Educação, Carlos Sousa. Acusa-os de quererem prejudicar o estabelecimento, para beneficiarem o Grupo GPS, que possui colégios e escolas profissionais no país e onde o vereador da Educação foi funcionário.
Autarquia e EBA andam "desavindas" há vários anos, com o município PSD a exigir a esta escola privada 150 mil euros, referentes a rendas em atraso desde outubro de 2013, pela utilização do edifício municipal onde funciona a instituição de ensino. A Câmara avançou com um pedido de despejo das instalações, ocupadas pela EBA desde 1995, acusando a escola de recusar "liminarmente qualquer pagamento".
O diretor do estabelecimento de ensino, Pedro Dias, invoca um acordo verbal com o anterior Executivo em que seria dispensado de pagar rendas por ter feito obras no imóvel. Ainda assim, para evitar o despejo, a EBA pagou 60 mil euros de rendas em atraso, relativas aos últimos cinco anos, considerando que as restantes estavam prescritas. Ao mesmo tempo, avançou com uma ação em tribunal. E, mais recentemente, Pedro Dias apresentou uma queixa-crime contra os autarcas Álvaro Coimbra e Carlos Sousa. Este, antes de ser eleito vereador, tinha sido diretor da Escola Profissional da Mealhada, do Grupo GPS.
"Vereador há de ser peão"
"Tenho a certeza absoluta que há aqui uma tentativa clara por parte deste Executivo, do vereador em primeiro lugar e do presidente, que é conivente, de neste período do ano criarem um caso para não nos serem as turmas atribuídas no próximo ano letivo", afirma Pedro Dias, acrescentando que os autarcas queriam assim forçar a "venda da escola ao grupo GPS, por menos de 50 por cento".
"É nossa convicção plena que o grupo GPS tem um projeto para Penacova, que não passa pela nossa escola lá. O vereador há de ser um peão", denuncia.
Contactado pelo JN, o Executivo municipal de Penacova recusou reagir às denúncias e remeteu para um comunicado onde acusa a EBA de não querer pagar as rendas. E lembra que a escola tinha "abandonado as instalações de Penacova, ao arrepio das entidades que tutelam este assunto", instalando-se em Coimbra, e que só voltou "após intervenção do Ministério da Educação". A Autarquia diz ainda que "não atribuiu turmas nem tem direito de voto nesta matéria".
De resto, "o Município lamenta a forma como a EPBA conduziu este processo e mais lamenta a forma como a gerência se refere ao executivo municipal, nomeadamente ao vereador da Educação", conclui.