"Barão da Pasteleira Nova" detido na maior operação contra o tráfico de droga no Porto
Explorava uma banca e ainda vendia a outros traficantes do bairro. Tinha negócios para justificar elevados ganhos. Diretor nacional da PSP, Magina da Silva, acompanhou operação no terreno. Afirmou que a Pasteleira é o bairro mais policiado do país.
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A PSP desferiu, na quinta-feira, um dos maiores ataques ao tráfico de droga com epicentro no Bairro da Pasteleira Nova. Um dos 15 detidos, com 36 anos, é desde há alguns anos investigado pelas autoridades e era dono de uma das mais lucrativas "bancas" de venda de estupefacientes do bairro, abastecendo, inclusivamente, outros traficantes da Zona Norte. Foram cumpridos mandados de busca em Gaia, Matosinhos, Maia e Gondomar.
Na megaoperação, que teve início às 10 horas, e onde esteve presente o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, e a comandante da PSP do Porto, Paula Peneda, estiveram envolvidos cerca de 300 agentes, foram apreendidos diversos quilos de heroína e cocaína, armas e milhares de euros em dinheiro.
Ligado a Glock furtada
O "Barão da Pasteleira Nova", cujo nome também surgiu associado, em 2017, ao aparecimento da primeira Glock 9 mm das 57 que desapareceram da Direção Nacional da PSP, vivia em Matosinhos, mas também tinha casas no Porto, nomeadamente na zona de Ramalde e da Prelada.
Usava diversos apartamentos no Bairro da Pasteleira Nova como casas de recuo para guardar a droga já pronta para vender aos consumidores e tinha outras, na periferia, para esconder o estupefaciente ainda em "bruto".
Se a maior parte dos detidos era "funcionário" do traficante, a PSP também deteve alguns dos moradores que, a troco de avultadas quantias mensais, lhe escondiam a droga.
"Empresário"
O presumível traficante mantinha-se afastado dos estupefacientes que lhe davam centenas de milhares de euros a ganhar e, para justificar a vida de luxo que levava e os veículos topo de gama em que se deslocava, aparentava ser um empresário de sucesso, sendo dono de bares, uma barbearia e uma oficina de motos, entre outros negócios.
O suspeito é tido como perigoso, anda sempre armado e não tem pejo em exibir armas de fogo. Já foi alvo de diversas investigações, sem nunca ter sido condenado.
Dois anos de trabalho
A investigação, revelou ontem o intendente Rui Mendes, comandante da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP do Porto, durava há dois anos e para garantir o cumprimento de cerca de 50 mandados de busca (domiciliárias e não domiciliárias) e cinco de detenção, foram empenhadas todas as valências policiais e "recorremos a praticamente todos os comandos da Zona Norte do país".
Magina da Silva salientou que "o tráfico e o consumo de droga são um flagelo e a PSP, lado a lado, ou sob a tutela do Ministério Público, trava um combate sem tréguas e sem intervalos. O que estamos a fazer hoje é o culminar do trabalho de muita gente, de muitas polícias, de muitos procuradores".
Os detidos deverão começar hoje a ser ouvidos no Tribunal de Instrução Criminal do Porto para atribuição de medidas de coação.
Lisboa
Polícia deteve quatro homens em ação no Bairro do Padre Cruz
Também ontem, mas em Lisboa, a PSP realizou uma operação no Bairro do Padre Cruz para localizar suspeitos de furtos a ourivesarias. Quatro pessoas foram detidas, com idades compreendidas entre os 25 e os 35, duas delas por tráfico de droga. De acordo com o comissário André Teixeira, "foram apreendidos alguns artigos de ourivesaria, que ainda não sabemos se foram furtados nos estabelecimentos assaltados". A mesma fonte informou que a operação resulta de uma investigação iniciada em agosto do ano passado, quando ocorreu o primeiro assalto a uma ourivesaria.
Balanço
187 pessoas foram detidas este ano por tráfico de droga na Pasteleira Nova. PSP fez 582 ações de visibilidade policial para devolver tranquilidade aos moradores.
11 800 doses de droga e 24 mil euros foram apreendidos no bairro desde o início do ano. Números divulgados ontem por Magina da Silva.
Pormenores
Flagelo mundial
"Temos consciência perfeita de que não vamos conseguir terminar com o tráfico nem com o consumo de droga", disse Magina da Silva, considerando que "há um problema de saúde pública".
Policiamento
O diretor nacional da PSP não tem dúvidas de que, olhando para os dados da atividade policial, "a Pasteleira é o bairro mais policiado de Portugal".
Buscas
Relativizando a dimensão da operação de ontem, Rui Mendes assumiu, contudo, que "em número de buscas domiciliárias é uma grande operação".