"Crilim" efetuou diversas transferências para elementos da rede que tinham sido detidos pela PSP em operação realizada no ano passado.
Corpo do artigo
A queda de Fábio Ribeiro, o "Barão da Pasteleira" que foi detido por tráfico de droga na última quinta-feira, começou em março do ano passado, com a detenção de quatro colaboradores e o desmantelamento de casas de recuo e de laboratórios onde a cocaína era transformada em "crack". Mas o traficante de 36 anos, também conhecido pela alcunha "Crilim", não esqueceu os seus homens na prisão e passou a transferir-lhes dinheiro para os seus gastos nos estabelecimentos prisionais.
Segundo apurou o JN, a investigação da PSP apurou que Fábio Ribeiro, por intermédio de pessoas próximas de si e a seu mando, passou a enviar quantias monetárias a arguidos presos preventivamente à ordem de diferentes inquéritos criminais.
Alguns dos presos começaram a receber dinheiro apenas uma semana depois de entrarem na cadeia. Logo no dia 7 de abril, por exemplo, uma prima de "Crilim" enviou vales postais para Luís Santos, Ricardo Rosa e Daniel Silva, cada um deles no valor de 97,50 euros.
No dia 28 de outubro, foi efetuada uma transferência bancária de 120 euros para a conta de Luís Santos ("Jaca") e, a 4 de novembro, Siro Andrade, que havia sido detido na semana anterior, recebeu 380 euros.
A última transferência detetada, no dia 13 de dezembro, foi, de novo, para "Jaca", no valor de 160 euros.
Machadada na rede
A machadada que a PSP deu na rede de "Crilim" em março de 2022 teve um forte impacto com o desmantelamento dos laboratórios da rede "Pica-Pau/Picolé".
Também foram apreendidos 8,8 quilos de heroína, 6 de cocaína, 2,5 de canábis resina, 1 de folhas/sumidades, 30 de produtos/substâncias de corte e mais de 138 mil euros em dinheiro vivo.
O prejuízo para a rede de Fábio Ribeiro foi grande. E, com vários homens na cadeia, o "Barão da Pasteleira" viu-se obrigado a "dar a cara", a mexer diretamente na heroína e na cocaína, tornando-se mais "visível" para as autoridades.
A necessidade de Fábio Ribeiro retomar o negócio nas mãos permitiu à PSP seguir os seus passos. Logo a 1 de junho do ano passado, a PSP viu o "Barão" a chegar ao território de venda da sua rede de tráfico, munido de um capacete, deslocando-se de imediato para onde se encontram a maior parte dos apartamentos que servem de base de apoio à sua rede. No dia seguinte, voltou a ser visto no bairro, na companhia de outro arguido, transportando um saco com droga ou produto de corte.
Mensagens encriptadas
A rede mantinha especiais cuidados na forma como comunicava, evitando conversas ao telemóvel e privilegiando aplicações que permitiam conversas encriptadas. Mas as incursões de Fábio Ribeiro na Pasteleira e na venda de droga foram decisivas para o sucesso da operação que culminou, na quinta-feira, com a sua detenção e de outros 15 suspeitos.
Pormenores
Recolha de dinheiro
Nos primeiros tempos da rede, o único contacto de "Crilim" com alguma atividade operacional relacionada com o tráfico era a recolha dos apuros que lhe eram entregues em locais previamente combinados.
Reduzir custos
Após o desmantelamento dos laboratórios, o "Barão da Pasteleira" viu-se obrigado a intervir ativamente para, segundo a PSP, "reduzir custos com o pessoal".
Nova banca
Após o desmantelamento dos laboratórios, Fábio Ribeiro montou uma nova banca de venda, situada na viela do n.º 28/32 da Rua de Domingos Alvão.