Dois homens foram colocados em prisão preventiva por violência doméstica. Um rapou o cabelo à esposa, outro ameaçou deitar abaixo a porta de casa da família com uma motosserra.
Corpo do artigo
Um cadastrado rapou parte do cabelo à mulher com quem casou quando ainda estava na prisão e que engravidou durante as visitas conjugais. Tudo porque não gostou do corte que o barbeiro lhe tinha feito. Este foi apenas um dos episódios de violência ocorridos desde que, em agosto do ano passado, o homem, de 31 anos, saiu da cadeia em liberdade condicional. Já no último, a vítima, novamente grávida, foi expulsa de casa com os filhos e o agressor detido e devolvido à prisão.
Condenado a dez anos de prisão por roubos, o indivíduo conseguiu, mesmo atrás das grades do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, conquistar o coração de uma mulher. O namoro iniciou-se em 2017 e o casamento aconteceu no ano seguinte. Desde essa data, o casal manteve visitas íntimas, que originaram a gravidez da mulher. A criança nasceu no início do ano passado e, em agosto, o pai beneficiou da liberdade condicional para sair da cadeia.
A família passou a residir na mesma casa, em Amarante, mas quatro meses depois a mulher foi agredida a murro. Agredido com bofetadas, quando tentou defender a mãe, foi também o filho da vítima, de 12 anos. Ninguém fez queixa e as situações de violência sucederam-se, com a mulher a ser alvo de pontapés nas pernas, barriga e costas. Nalguns casos com a bebé, filha do casal, ao colo.
Em janeiro deste ano, a mulher foi atacada, novamente, a murro e refugiou-se na residência de familiares. Também não apresentou queixa, porque o agressor ameaçava tirar-lhe a filha. No mês seguinte, o cadastrado chegou a casa furioso com o corte de cabelo que lhe tinha sido feito na barbearia e discutiu com a companheira. Acabou a rapar-lhe parte do cabelo com uma máquina que tinha na residência.
Em março, na sequência de outra discussão, a mulher, já grávida, foi expulsa de casa juntamente com a filha e recorreu, pela segunda vez, a ajuda da família. Quando recusou o pedido de desculpas e não quis reatar o relacionamento foi ameaçada de morte, acabando por ceder aos desejos do agressor. O que permitiu que, já este mês, fosse agredida e expulsa da habitação novamente.
Desta vez, contudo, apresentou queixa e o cadastrado foi detido pelo Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas de Penafiel da GNR e enviado para prisão preventiva.
Armado de motosserra
Em Santo Tirso, o detido tem 47 anos e é operário na construção civil. Alcoólico, sujeitou a esposa a uma violência constante ao longo de 23 anos de casamento e nem as várias queixas o fizeram parar. Só no ano passado, quando foi detido, em flagrante, a bater na mulher e num filho que tentou defender a mãe é que foi colocado em prisão domiciliária.
Nessa altura, mudou-se para casa da progenitora, situada a um quilómetro da residência da mulher e filhos, e manteve-se calmo até abril deste ano, quando foi acusado pelo Ministério Público de um crime de violência doméstica e o juiz de instrução criminal decidiu alterar a medida de coação e terminou com a prisão domiciliária. Pouco depois, o operário, que já tinha frequentado três tratamentos de desintoxicação sem sucesso, voltou a consumir álcool abundantemente e a importunar a família.
Na sexta-feira da semana passada, telefonou insistentemente à ainda esposa, pedindo-lhe para reatar o relacionamento. Esta recusou e o agressor chegou a casa da mãe embriagado. Já de madrugada afiou uma faca utilizada para matar porcos e foi à garagem buscar uma motosserra. Pô-lo a trabalhar, sentou-se na moto e arrancou em direção à residência da esposa. Aí chegado, e sempre com a motosserra a funcionar, ameaçou destruir a porta se não o deixassem entrar.
Em pânico, a vítima acionou o botão de emergência que lhe tinha sido atribuído e, pouco depois, a patrulha da GNR chegou ao local. O agressor, contudo, já tinha abandonado o local e foi encontrado pelos militares na casa da mãe. Não chegou a ser detido nessa noite, mas foi no domingo seguinte. Não por violência doméstica, mas como garantia de que iria comparecer a um julgamento no início desta semana, no qual responde por conduzir alcoolizado. Após sair do tribunal voltou a telefonar à esposa e o caso chegou ao conhecimento do Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas do Porto que, nesta quinta-feira, o detiveram pelas ameaças à família. Foi para prisão preventiva.