João Loureiro conheceu Rowles Magalhães, que ia comprar dona do avião da cocaína, quando este representava jogador do Boavista que adoeceu.
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O brasileiro Rowles Magalhães Silva, potencial comprador da empresa proprietária do avião onde foram apreendidos 578 quilos de cocaína, também já teve negócios no futebol. A via pela qual João Loureiro, ex-presidente do Boavista e passageiro daquele avião, estabeleceu com ele uma relação que, recentemente, também haveria de envolvê-lo no negócio da OMNI, dona da aeronave.
Loureiro presidiu ao clube axadrezado de 1997 a 2007 e de 2013 a 2018. No início desta segunda passagem, já militava no clube um defesa brasileiro, Caio Pereira, representado por Rowles Magalhães. E um grave problema de saúde do jogador haveria de iniciar uma relação entre Loureiro e Rowles que passou as fronteiras do futebol e, hoje, é objeto de investigações criminais em Portugal e no Brasil.
Em 2020, Loureiro vendeu ao empresário, lobista e político Rowles Magalhães Silva e a Ricardo Agostinho, um ex-alto quadro da Infraero (equivalente à nossa ANA, gestora dos aeroportos), a Aristopreference, empresa com um capital social de mil euros a que os brasileiros dariam um papel instrumental no negócio da OMNI. Negócio ainda por concretizar porque, segundo um advogado de Rowles, está a faltar um crédito pedido a um banco português.
"Lisboa" emprestou chave
É no impasse do negócio da OMNI que um Falcon desta companhia descola do Aeródromo de Tires, rumo a São Paulo, com dois passageiros: João Loureiro e o espanhol Mansur Herédia. Aquele veio explicar que a pandemia da covid o deixara sem alternativa, mas a RTP já noticiou que, no mesmo 29 de janeiro, a TAP voou de Lisboa para São Paulo com lugares vagos.
Foi num hangar do pequeno Aeroporto de Jundiai (São Paulo) que o jato ficou estacionado cerca de uma semana, até iniciar a viagem que deveria terminar em Tires, mas foi interrompida em Salvador, porque uma avaria mecânica levou à deteção da cocaína.
Tudo indica que a droga foi escondida na fuselagem do avião quando este se encontrava em Jundiai. E, em abono da tese, uma reportagem do "Sexta às 9" revelou que apareceu ali um casal que pediu a chave do avião ao seu comandante. Este recusou, mas, após telefonar para "Lisboa", foi-lhe dito que entregasse a chave, disse a RTP.
O presidente da OMNI, José Miguel Costa, que não explicou aquele episódio, disse que o avião, quando chegasse a Tires, devia ficar na placa e não num hangar (lugar mais adequado para resgatar cargas ilegais).
Loureiro - que embarcou no avião a 9 de fevereiro em São Paulo, como noticiou o JN desde a primeira hora, apesar de ter sido desmentido por aquele - voltou a São Paulo e aguarda por um voo para regressar a Portugal.
Elvis Secco, responsável da Polícia brasileira, esclareceu que Loureiro é suspeito só pela circunstância de ter sido apreendida droga num avião onde ele viajava - e não por haver provas contra ele. Por isso, não ficou sem o passaporte e pode deixar o Brasil.
Oito jogos sem marcar golos
Caio Pereira, defesa central, 27 anos, fez um jogo na sua primeira época pelo Boavista (2011/2012) e sete na época 2012/2013, não tendo apontado qualquer golo pelo clube axadrezado. Adoeceu gravemente quando estava no Boavista e abandonou o futebol.