Imigrantes indianos queixaram-se de agressões e invasão de domicílio, numa operação policial ilícita em Odemira.
Corpo do artigo
Cinco militares da GNR de Odemira vão ser julgados no Tribunal de Beja, acusados de sequestro, ofensas corporais, violação de domicílio e falsificação de documentos. Os queixosos são imigrantes indianos que denunciaram uma intervenção policial ilegítima, no fim de setembro de 2018.
O caso teve origem num jantar a 30 de setembro de 2018, num restaurante de Almograve (Odemira), que juntou 25 trabalhadores agrícolas indianos. O "patrocinador" do repasto era um homem, segundo a acusação do Ministério Público (MP), "conotado pelas autoridades policiais com tráfico de seres humanos para exploração laboral".
No jantar, por razão não esclarecida, estava presente um dos militares arguidos (André R.). Nessa ocasião, ocorreu uma discussão sobre falta de pagamento de salários, provocando revolta entre os indianos.
Esta situação levou a uma intervenção agressiva dos militares da GNR, que terminou com uma vítima no Hospital do Litoral Alentejano, Santiago do Cacém.
De acordo com a acusação, André R., 36 anos, militar no posto de Odemira, João L., 28 anos, Ruben C., 24 anos, Luís D., 30 anos e Nelson L., 27 anos (os quatro do posto de Vila Nova de Milfontes) seguiram para Longueira, Almograve, onde, sem mandados judiciais, "forçaram um portão e depois a porta de uma habitação", a fim de "baterem gratuitamente em indivíduos indianos".
Em 8 de maio de 2019, os militares foram detidos pela PJ de Setúbal. Um deles ficou em prisão domiciliária. Os demais ficaram suspensos de funções e proibidos de contactarem com outros militares.