PJ desmantelou dois grupos estrangeiros que usavam o aeroporto de Lisboa e o porto de Leixões como plataforma logística. Droga abastecia mercado europeu, sobretudo o espanhol.
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A colaboração entre a Polícia Judiciária (PJ) e as autoridades espanholas permitiu desmantelar dois grupos estrangeiros que traficavam cocaína entre a América Central e do Sul e Portugal, que era usado como plataforma logística para abastecimento de outros mercados europeus, especialmente o espanhol.
Um dos grupos impregnava roupa com droga, diluída através de um processo químico, para ser colocada em malas que chegavam ao aeroporto de Lisboa. Outro criou uma empresa de fachada para importar cocaína escondida em compartimentos secretos de contentores, transportados em barcos que atracavam no porto de Leixões.
Processo químico para diluir droga
No primeiro caso, a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefaciente da PJ conseguiu apreender cerca de um quilo de cocaína que, depois de diluída, foi colocada em blusões e camisolas de forma impercetível. A roupa foi, em seguida, metida em malas que um traficante espanhol usou na viagem que fez entre o Brasil e o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
Devido ao sofisticado sistema de dissimulação, a cocaína devia ter sido retirada do aeroporto sem ser localizada para, depois, ser sujeita a novo processo químico que a devolveria ao estado sólido. Contudo, avisados pelos colegas de Espanha, os inspetores da PJ sinalizaram o espanhol que viajou do Brasil para Lisboa com malas carregadas de roupa embebidas em cocaína e seguiram-no. Perceberam, então, que o traficante tinha à sua espera um comparsa, de nacionalidade nigeriana, e mantiveram o seguimento pela cidade de Lisboa. Ainda na capital, a PJ avançou para a detenção dos dois homens, com 34 e 36 anos. Ambos foram postos em prisão preventiva.
Idosa liderava rede
Detidos e colocados em prisão preventiva foram também outros três espanhóis, um dos quais uma mulher de 79 anos. Todos pertenciam a um cartel que, para escapar ao controlo da Polícia espanhola, criou uma empresa em Vila Real, dedicada à importação de lages, ladrilhos e outros materiais de construção. Esta atividade era, no entanto, apenas a fachada para fazer chegar ao Porto de Leixões droga escondida na estrutura dos contentores. Comprada na América Central, a cocaína era dissimulada numa parte do contentor que era cortada, soldada e pintada para que ninguém percebesse que se tratava de um compartimento secreto.
Foi com esta estratégia que, durante mais de um ano, a organização criminosa fez chegar quatro contentores ao porto de Leixões que, posteriormente, foram transportados para o armazém da empresa, situado em Vila Real. Aqui, a droga era retirada do esconderijo e levada, de carro, para Espanha, onde era vendida. No automóvel que fazia o transporte viajava sempre a septuagenária, que também era a dona da empresa de fachada. A presença da idosa nas viagens tinha o intuito de afastar quaisquer suspeitas das autoridades que pudessem fiscalizar a viatura.
Devido a informações da Polícia Nacional espanhola e da Guardia Civil, a Diretoria do Norte da PJ acompanhou todas as ações do cartel e fez o seguimento do último contentor que chegou a Leixões. E quando os traficantes, incluindo a idosa, estavam no armazém de Vila Real a retirar a droga do esconderijo, procedeu à sua detenção. Também apreendeu os 15 quilos de cocaína que estavam no compartimento secreto.