Uma cozinheira do Estabelecimento Prisional Regional de Leiria introduziu elevadas quantidades de haxixe e telemóveis no próprio corpo para iludir o sistema de segurança da prisão e fazer chegar o material proibido aos reclusos.
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A funcionária da empresa de alimentação contratada pelos serviços prisionais foi uma das oito pessoas detidas pela Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, no âmbito de um inquérito em que esta também constituiu como arguidos oito reclusos.
Ao longo de, pelo menos, vários meses, a cozinheira recebeu o haxixe e os telemóveis dos familiares e amigos dos reclusos, de acordo com um plano previamente delineado. Depois, escondia a droga e os aparelhos eletrónicos no próprio corpo para iludir os procedimentos de segurança a que era submetida sempre que entrava no estabelecimento. Finalmente, entregava a encomenda aos presos quando estava de serviço na cozinha da prisão.
A PJ conseguiu intercetar dois abastecimentos e apreender um quilo de haxixe e 13 telemóveis, no final de uma investigação que se prolongou por vários meses e que contou com a colaboração da direção da cadeia de Leiria.
Esta cooperação permitiu a realização de buscas a várias celas e camaratas da cadeia, bem como a domicílios em Torres Vedras, em 17 de junho e 20 e 28 de julho.
A mesma investigação permitiu identificar oito familiares e amigos de reclusos que faziam chegar a droga e os telemóveis à cozinheira. E sinalizou oito presos que recebiam a droga e os aparelhos e os comercializavam dentro de muros.
Vários daqueles reclusos cumpriam penas por crimes de tráfico de estupefacientes e de roubo. Segundo a Judiciária, tratava-se de uma "estrutura criminosa significativamente organizada, que se dedicava a prática daquele crime, de e para o interior desta unidade prisional".
Apesar das detenções, ninguém ficou em prisão preventiva. Após ser interrogada pelo juiz, a cozinheira ficou proibida de continuar a exercer funções no interior do estabelecimento prisional, enquanto os restantes detidos estão obrigados a apresentações bissemanais na esquadra e proibidos de contactos entre si.
Outros casos
Duas placas de haxixe
Em abril deste ano, uma cozinheira de uma empresa privada que presta serviço na prisão de Paços de Ferreira também foi detida por introdução de droga no estabelecimento prisional. Foi apanhada na posse de duas placas de haxixe.
Comprimidos
Já em 2014, uma cozinheira da cadeia de Coimbra foi detida a introduzir produtos proibidos na prisão. Namorada de um recluso a cumprir uma pena de 21 anos e meio, a mulher, de 30 anos, levava para a prisão comprimidos e injetáveis destinadas ao aumento da massa muscular.