A defesa do estudante francês acusado de matar Paulo Correia, um jovem de Matosinhos, procurou, esta quinta-feira, explorar eventuais contradições nos relatórios da autópsia e da anatomia patológica da vítima. Em causa está a eventualidade de a hemorragia que causou a morte ter tido causas "naturais", como um suposto aneurisma, e não traumáticas, como dizem os peritos da Medicina Legal, que atribuem o óbito a "um murro" no pescoço.
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A sessão desta quinta-feira do julgamento de Anas Kataya, de 22 anos, que está acusado de homicídio qualificado na pessoa de Paulo Correia, de 23 anos e com quem aquele se terá envolvido à pancada à porta do Coliseu do Porto, foi passada a ouvir peritos do Instituto de Medicina Legal do Porto, que coincidem nas causas da morte: um murro na lateral direita do pescoço que terá provocado torção e estiramento de vasos sanguíneos que, por sua vez, causaram as hemorragias que os peritos dizem ter sido fatais.
O problema é que a defesa de Anas não se convence e procurou saber por que é que os peritos atribuem o traumatismo a "um murro" naquela parte do corpo, descartando a possibilidade, entre as que defende, de o trauma ter sido devido à queda que, ao contrário da alegada agressão, muita gente viu.
As perguntas e respostas duraram horas, com Francisco Taveira, perito responsável pela autópsia, a rebater, ou a tentar, todas as dúvidas da defesa. Outra das hipóteses levantadas pelo defensor de Anas foi a do "álcool", que a vítima tinha ingerido - vinha de festas estudantis e preparava-se para mais uma - aliado ao stress da cena - pancadaria entre dois grupos de estudantes. Não poderia isso ter provocado "um aneurisma", ou um rebentamento de vasos devido a malformação?, questionou o advogado.
Taveira foi categórico: houve exames efetuados que afastaram essa hipótese.
Por último, a defesa quis saber se poderia ter sido uma pancada "com uma garrafa" (houve testemunhas que relataram agressões com garrafas, mas não da parte de Anas), e não "um murro", a provocar o trauma e consequente morte. O perito não foi tão concludente, acabando por responder que era necessário saber das características da garrafa, porque "as há de todos os feitios", observou.
A defesa não pareceu convencida e vai levar à audiência outros peritos para pôr em causa parte dos relatórios da Medicina Legal.
O julgamento continua.