Caso com 30 anos foi revelado agora por antigo interno de instituição de acolhimento de menores no Algarve.
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O Ministério Público (MP) e a Diocese do Algarve estão a investigar uma suspeita de abusos sexuais de menores por parte de um sacerdote numa instituição de acolhimento de menores, em Faro, há mais de 30 anos.
O caso foi denunciado por uma das alegadas vítimas, Telmo Silva, numa entrevista ao programa "Goucha" da TVI, emitida a 6 de outubro. Explicou que as situações ocorreram na instituição onde foi internado, aos nove anos, após ter sido abandonado pela mãe. "Eram pelos mais velhos, por monitores que lá trabalhavam com crianças. Até vou dizer o nome de uma pessoa", contou, sendo advertido pelo apresentador, Manuel Luís Goucha, de que poderia ter problemas. "Posso só dizer que é padre e que o senhor é de Boliqueime. Era capelão do Exército", concluiu, acrescentando que houve mais vítimas.
Ao saber da entrevista, o bispo do Algarve, Manuel Quintas, pediu um parecer à Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis. Depois, "comunicou o caso à Congregação da Doutrina da Fé, (...) ao Ministério Público da Comarca de Faro e determinou a realização de uma investigação prévia", confirmou, ao JN, o porta-voz da Diocese do Algarve, padre Miguel Neto.
Segundo fonte oficial da Polícia Judiciária, a Diretoria do Sul também teve conhecimento público da entrevista e decidiu analisá-la, concluindo que as informações "eram vagas" e que os factos já tinham prescrito, remetendo o expediente para o MP, que não requereu diligências.
O prazo de prescrição do abuso sexual de menores é de cinco anos, a partir dos 18 anos da vítima. No Direito Canónico é de 20 anos, mas pode ser suspenso. A Procuradoria-Geral da República não respondeu ao pedido de esclarecimentos do JN e o presidente da instituição visada disse não ter sido contactado pelas autoridades.