Toxicodependente desesperado responde por tentativa de homicídio. Vítima teve de ser sujeita a cirurgia plástica.
Corpo do artigo
Sem dinheiro para satisfazer o vício da cocaína, João Pratas, 28 anos, desfigurou à pancada e deixou às portas da morte uma prostituta para a roubar, em Grândola, ao ponto de ela precisar de cirurgia plástica. Levou-lhe 90 euros e, insatisfeito, ainda assaltou depois uma carrinha, sendo detido pela GNR em flagrante. Mas a saga ainda não tinha acabado. Com a perna de uma mesa partiu uma janela da cela do tribunal onde ia responder pelo furto e fugiu. Foi a Polícia Judiciária, que o procurava pela tentativa de homicídio, quem o travou. O julgamento começa esta segunda-feira no Tribunal de Setúbal.
Na noite de 20 de agosto de 2020, João foi a casa da vítima, de 57 anos, de quem era cliente. O plano era matar e roubar. Quando ela estava no quarto de banho, estrangulou-a, com um golpe de mata-leão. Pedia-lhe dinheiro e dizia que a matava, agredindo-a soco na face até a desfigurar. Antes de perder a consciência, a vítima indicou-lhe onde tinha o dinheiro, 90 euros, mas ele queria mais. Trancou a casa, julgando a mulher morta, e saiu, assaltando pouco depois uma carrinha, de onde levou 700 euros.
Na casa, entretanto, a mulher recuperou os sentidos e saiu por uma janela, pedindo ajuda a uma vizinha, que chamou as autoridades. Foi transportada para o Hospital de São José, em perigo de vida. Antes, identificou à Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal o agressor
Os inspetores não tiveram de procurar muito. Pouco depois, João Pratas era detido pela GNR de Grândola em flagrante, quando tirava o gasóleo da carrinha que assaltara. Foi detido e levado a tribunal no dia seguinte.
A PJ aguardava por esta diligência para o interrogar sobre o envolvimento no crime brutal da noite anterior. Porém, quando estava nos calabouços, o suspeito partiu uma perna de uma mesa usando-a para quebrar o vidro da porta da cela, abrindo-a. Saiu do tribunal sem que ninguém o parasse e a GNR e a PJ montaram uma operação para o deter.
João Pratas foi encontrado horas depois, não muito longe, sendo de novo detido pela Polícia Judiciária sem oferecer resistência. Desta vez já respondeu perante um juiz também pela agressão à mulher e ficou em prisão preventiva pelos crimes de homicídio qualificado tentado, sequestro, furto, dano qualificado e evasão.
Tentou que o corpo não fosse descoberto
João Pratas ficou convencido que tinha matado a mulher e, para que ninguém encontrasse o corpo, trancou a porta de casa por fora. Até desenroscou a lâmpada do átrio da casa que, estando acesa, indicava aos clientes que a mulher podia receber clientes. A vítima sobreviveu, mas esteve internada durante quatro meses e teve de ser submetida a operações de reconstituição facial. Volvido um ano do ataque, ainda recebe tratamentos.