Francisco J. Marques responde pelo crime de violação de correspondência ou de telecomunicações, agravado. Ex-diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, e comentador Diogo Faria, também vão sentar-se no banco dos réus
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O diretor de comunicação do F. C. Porto, Francisco J. Marques, vai a julgamento no caso dos "Emails do Benfica". O juiz Carlos Alexandre entendeu, num despacho conhecido nesta segunda-feira, que há indícios suficientemente fortes para J. Marques responder pelos crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, agravado. Também o ex-diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, e o comentador da mesma estação televisiva, Diogo Faria, vão sentar-se no banco dos réus pelos mesmos motivos.
O caso conhecido por "Emails do Benfica" foi espoletado após Francisco J. Marques ter revelado, num programa do Porto Canal, várias trocas de correspondência eletrónica entre elementos ligados ao clube lisboeta. O Benfica reagiu e apresentou uma queixa contra o diretor de comunicação do F. C. Porto, assim como contra Diogo Faria, comentador residente do programa "Universo Porto - da Bancada". Júlio Magalhães, à data diretor do Porto Canal, também foi envolvido no processo judicial, por ter permitido a revelação dos emails no canal que dirigia.
Em fevereiro de 2020, os três foram acusados pelo Ministério Público. J. Marques de seis crimes de violação de correspondência (três deles em concurso aparente" com devassa da vida privada) e um crime de acesso indevido; Júlio Magalhães de três crimes de violação de correspondência (em "concurso aparente" com ilícito de devassa da vida privada); e Diogo Faria de um crime de violação de correspondência e um de acesso indevido. Fora da acusação ficaram, contrariamente às pretensões dos encarnados, os administradores da SAD do F. C. Porto
Todos os arguidos contestaram a decisão judicial, requereram a abertura de instrução e esta, mesmo com a oposição de J. Marques, Júlio Magalhães e Diogo Faria, foi realizada no Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa, sob a direção do juiz Carlos Alexandre. Nesta segunda-feira, o mesmo magistrado deu a conhecer a sua decisão, ratificando, quase na íntegra, a acusação inicial. Ou seja, para Carlos Alexandre há indícios suficientes para que Francisco J. Marques, Júlio Magalhães e Diogo Faria sejam julgados pelos crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações.
"Não pode valer tudo", salientam advogados do Benfica
Contactado pelo JN, o diretor de comunicação do F. C. Porto optou por não comentar a decisão judicial agora conhecida.
Já João Medeiros, Paulo Saragoça da Matta e Rui Patrício, advogados do Benfica neste processo, salientaram que "a confirmação pelo senhor juiz de instrução da acusação do Ministério Público e da acusação do Benfica é uma decisão que julgamos acertada e que vê a realidade para lá da encenação tentada pelos arguidos de um pretenso interesse público e de uma falsa boa fé". "E é uma decisão importante por várias razões, entre elas, porque reforça a ideia de que na rivalidade clubística não pode valer tudo, incluindo difamar e caluniar, e, também, selecionar, misturar, manipular, descontextualizar e truncar documentos, os quais aliás já tinham antes sido obtidos e depois traficados criminosamente", acrescentam os causídicos.