Agressor já tinha estado em prisão domiciliária por violência doméstica, mas silêncio da vítima em tribunal devolveu-o à liberdade. Foi agora posto na cadeia, após ser detido pela PJ, em Sintra.
Corpo do artigo
Um homem, de 35 anos, inventou que filho tinha sido infetado com covid-19 para atrair a ex-mulher à sua casa. Depois, sequestrou-a num dos quartos da habitação, ameaçou-a de morte com uma faca, agrediu-a violentamente e violou-a durante horas. Fê-lo para se vingar de uma primeira queixa por violência doméstica, que levou a que tivesse permanecido em prisão domiciliária durante dois meses. O caso aconteceu em Sintra, a meio desta semana, e o agressor, que beneficiou do silêncio da vítima para regressar à liberdade, foi detido novamente pela Polícia Judiciária (PJ) e posto em prisão preventiva.
O casal casou no final de 2014 e, apesar dos constantes episódios de violência doméstica, a relação aguentou até fevereiro do ano passado. Nessa data, a mulher abandonou a residência com os três filhos, de um, três e seis anos, mas as agressões não cessaram. Bem pelo contrário. Movido por ciúmes, o homem, natural de Cabo Verde, continuou a persegui-la e a atacá-la até ser detido, em julho, pela PSP.
Silêncio da vítima liberta agressor
Na sequência dessa detenção ficou, primeiro, em prisão preventiva e, depois, em prisão domiciliária. Em setembro, porém, foi libertado. Ouvida em declarações para memória futura, a vítima remeteu-se ao silêncio e não confirmou em tribunal o que tinha revelado aos polícias. Sem provas, o juiz teve de dar como terminadas as medidas de coação que tinha aplicado.
Sem qualquer controlo e reforçado pelo medo demonstrado pela ex-mulher, o agressor voltou, então, a protagonizar episódios violentos. Quase todos ocorridos na sua habitação, quando a ex-mulher ali se deslocava para deixar os filhos, antes de ir trabalhar. Noutras ocasiões, os conflitos tinham lugar após o indivíduo atrair a vítima à residência com falsas doenças das crianças.
Foge com chave antiga
Foi isso que aconteceu na última segunda-feira, dia em que a mulher recebeu, no local de trabalho, um telefonema com a notícia de que um dos filhos tinha sido infetado com covid-19. Rapidamente, deslocou-se a casa do pai das crianças para tratar do menino, mas viu-se, de imediato, envolvida numa discussão. Em seguida, e já com as crianças resguardadas em casa de vizinhos, foi ameaçada com uma faca de grandes dimensões, agredida e sequestrada no quarto onde seria violada.
Ao fim de várias horas, a mulher conseguiu usar uma chave que guardava desde o tempo em que tinha vivido naquela residência para fugir e pedir socorro. A PJ de Lisboa foi acionada e deteve o agressor na quarta-feira.