Um engenheiro português de 37 anos está retido no Kuwait acusado de um roubo que, garante a sua mulher, não praticou.
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A queixa terá sido a forma que subempreiteiros encontraram de obrigar a multinacional para que trabalha a pagar dívida de 22 milhões de euros. Ricardo Pinela chegou a estar detido durante várias horas.
Tudo começou na semana passada, quando a empresa para que o engenheiro português trabalha há 12 anos, a CMC Di Ravenna, decidiu terminar o contrato para a construção de uma parte de um novo complexo urbanístico no Kuwait, ficando a dever três meses de salário aos seus trabalhadores locais e cerca de 25 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) a subempreiteiros e outras empresas que contratara.
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A maioria dos seus funcionários estrangeiros foi, imediatamente, retirada do país, mas, para trás, ficaram seis expatriados, entre os quais Ricardo Pinela, diretor de projeto. Ao aperceberem-se do sucedido, os trabalhadores locais terão ameaçado os seus colegas estrangeiros, que foram forçados a barricar-se e a chamar a polícia. Nessa altura, terá então ficado acordado que os ordenados em atraso seriam pagos a 27 de novembro.
O problema, explica ao JN Sara Pinela, mulher de Ricardo Pinela, é que, no dia em que o pagamento foi concretizado, o engenheiro português e o diretor financeiro da empresa, o italiano Andrea Urcioli, foram conduzidos à esquadra num carro de polícia, sob pretexto de ser necessário levantar o auto referente à situação anterior. Acabaram, no entanto, detidos, depois de um dos subempreiteiros com dinheiro em falta os ter acusado de roubar e queimar uma máquina.
Os dois funcionários acabariam por ser libertados, mas só depois de passarem várias horas numa cela sem acesso a água, comida e casa-de-banho. Estão ambos sob termo de identidade e residência e impossibilitados de abandonar o Kuwait até que a investigação esteja concluída. Esta quinta-feira, foram novamente chamados à esquadra, para apresentar novos esclarecimentos - algo que para, Sara Pinela, é apenas uma forma de os manter durante mais tempo no país, até que a dívida de 22 milhões de euros seja paga.
"Tenho receio que apareçam outras queixas", desabafa a antiga funcionária da CMC Di Ravenna, a residir em Portugal com as duas filhas do casal, de um e oito anos de idade.
O caso já está a ser acompanhado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros através da Embaixada portuguesa em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, confirmou ao JN fonte oficial da Secretaria de Estado das Comunidades.