Paulo Guichard tem uma pena de prisão de quatro anos e oito meses para cumprir. Banqueiro esgotou recursos judiciais, depois de o Tribunal Constitucional ter indeferido reclamação
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O ex-administrador do BPP Paulo Guichard entregou-se, nesta quarta-feira, na cadeia do Vale do Sousa, para cumprir uma pena de quatro anos e oito meses de prisão, pela prática de seis crimes de falsidade informática e um crime de falsificação de boletins, atas ou documentos. A decisão do banqueiro surge depois do Tribunal Constitucional ter rejeitado, no final de março, a arguição de nulidade de um acórdão.
Guichard foi condenado, em outubro de 2018, a uma pena suspensa no caso de falsificação da contabilidade do banco, mas o Tribunal da Relação de Lisboa mudou a pena para prisão efetiva, em junho de 2020. O ex-administrador do BPP recorreu da decisão, mas o Tribunal Constitucional "indeferiu a reclamação" e não admitiu analisar o "recurso de constitucionalidade" apresentado pelo ex-banqueiro. Sem hipóteses para seguir outra via jurídica, Paulo Guichard decidiu cumprir a pena e, nesta quarta-feira, entregou-se na prisão do Vale do Sousa, situada em Paços de Ferreira.
Regressou do Brasil para ser detido
Recorde-se que, após João Rendeiro ter fugido para a África do Sul, a juíza titular do processo da derrocada do BPP ordenou que Guichard se apresentasse no tribunal. O ex-administrador do BPP, que vivia no Brasil há mais de uma década, decidiu, quase de imediato, regressar a Portugal e foi detido, em outubro do ano passado, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Colocado na prisão de Custóias, em Matosinhos, o antigo banqueiro foi libertado uma semana depois, na sequência de pedido de "habeas corpus" apresentado pelo seu advogado, Nuno Brandão, no Supremo Tribunal de Justiça. O causídico alegou que a detenção tinha sido ilegal, uma vez que ainda havia recursos pendentes.
À saída da cadeia, e visivelmente emocionado, Paulo Guichard defendeu que nunca teve a intenção de fugir às responsabilidades e à justiça portuguesa. E admitiu existir "alguma fragilidade" na sua conduta do processo do BPP. Disse também que "fugir é um ato de cobardia". "O Dr. João Rendeiro assume aquilo que faz. É um cidadão que tem que assumir aquilo que fez e eu assumi o que fiz, que foi exatamente o contrário. Já disse que globalmente fugir é um ato de cobardia e encarar é um ato de coragem e foi isso que tentei fazer", afirmou.