Confrontos com rivais e emboscadas à polícia são planeados com muita antecedência por grupos de adeptos fanáticos.
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Planeiam confrontos violentos tanto com adeptos de equipas rivais como com elementos das forças de segurança. São os chamados "casuals" que, apesar de estarem ligados a grupos organizados dos maiores clubes, muitas vezes nem assistem a jogos, para medirem forças em lutas previamente marcadas.
Os recentes confrontos entre adeptos do Dínamo de Kiev e do Benfica e as forças de segurança, nas imediações do Estádio da Luz, aquando do último jogo da Liga dos Campeões dos encarnados, terão sido planeados pelos ultras ucranianos muito antes de chegarem a Portugal.
A PSP acredita que estes "casuals" tinham o propósito de agredir polícias e adeptos do Benfica. "Existem indícios de que os confrontos foram organizados através das redes sociais. Muitos dos adeptos do Dínamo de Kiev nem sequer tinham bilhetes para o jogo, mas tinham armas, como paus, previamente preparados, quando foram detidos", revelou ao JN uma fonte da PSP.
"Subir de posto"
"Os casuals são adeptos violentos que preparam atos violentos. Para eles, é um feito, um orgulho conseguirem agredir adeptos rivais ou elementos das forças de segurança. Muitas vezes publicam fotos ou vídeos de agressões nas redes sociais como se fossem troféus. Permite-lhes subir de posto na organização. Ganham respeito", adiantou ainda a fonte.
Em Braga, na véspera do jogo entre o Sporting local e o Estrela Vermelha, sete indivíduos de nacionalidade sérvia foram apanhados a grafitar uma parede, por dois elementos da PSP, que foram imediatamente agredidos. Acabaram detidos após a chegada de reforços. Também não tinham bilhetes.
Em Portugal, serão cerca de 500 os adeptos de risco monitorizados pelas autoridades. Os "casuals" têm crescido nos últimos anos. O conceito surgiu no Reino Unido, nos anos 80. Apoiantes fanáticos quiseram distinguir-se de outra corrente violenta, os hooligans. Por exemplo, só usam vestuário de determinadas marcas, sem alusões ao seu clube.
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Grupos secretos
Normalmente, os "casuals" organizam-se através de aplicações encriptadas, como o WhatsApp ou o Telegram, para inviabilizar escutas por parte das autoridades. São grupos secretos de adeptos e de acesso restrito.
Fora da caixa
Os "casuals" evitam as caixas de segurança policial no acesso a recintos desportivos, montadas para conter os adeptos. Tentam deslocar-se em meios próprios, para surpreender os rivais, bem como a PSP. Abordam os alvos na rua, nas imediações dos estádios ou em cafés.