Familiares e amigos tinham isenção de taxas e deduções no IRS através de documentos de unidade da Arrifana.
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Uma funcionária da Unidade de Saúde de Arrifana, Feira, foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto por suspeita de falsificação de documentos oficiais com os quais eram conseguidos benefícios, incluindo fiscais, para a própria, para seus familiares e para outras pessoas.
Em comunicado emitido ontem, a PJ esclareceu que a mulher, de 44 anos, com a função de assistente administrativa, foi detida por suspeita da prática de crimes de corrupção passiva, de acesso ilegítimo agravado, de falsidade informática agravado, de falsificação de documento agravado e de burla tributária qualificada.
A PJ dá conta de que, apesar de os factos em investigação terem sido denunciados há relativamente pouco tempo, tudo aponta para que as falsificações acontecessem, de forma reiterada, "há já alguns anos". "Consistiam no aproveitamento por parte da suspeita das respetivas funções e dos acessos que as mesmas lhe conferem para a prática dos crimes, com vista à obtenção para si e para terceiros de benefícios patrimoniais ilegítimos", explica ainda a Judiciária, acrescentando que a suspeita foi detida "em cumprimento de mandado de detenção" emitido pelo Ministério Público de Santa Maria da Feira".
Investigação continua
As autoridades recolheram indícios de que a mulher falsificava assinaturas de responsáveis e documentos, entre os quais atestados de incapacidade e outras declarações médicas num esquema fraudulento que permitiu a várias pessoas usufruir de uma série de vantagens, por exemplo, a isenção de taxas moderadoras e de deduções fiscais, no IRS.
A PJ não quantifica quanto terá rendido aos infratores as alegadas fraudes. A investigação vai prosseguir no sentido de tentar apurar se a suspeita cobrava a terceiros por este tipo de favores que fazia a familiares e conhecidos seus.
O interrogatório com vista à aplicação das medidas de coação à arguida começou na tarde de ontem, no Tribunal de Santa Maria da Feira, mas à noite foi interrompido, pelo que só hoje deverá ser conhecida a decisão do juiz de instrução criminal.