Vítima estava sozinha em piso da cadeia de Tires com dezenas de presas. Número de agressões a guardas prisionais este ano já ultrapassou o de 2020 e está muito próximo do registado em 2021
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Uma guarda prisional foi salva por reclusas quando, na tarde de domingo, estava a ser agredida por uma presa da cadeia de Tires, em Cascais. A vítima permanecia, segundo o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), sozinha e sem qualquer tipo de apoio num piso frequentado por dezenas de reclusas.
O sindicato destaca que, este ano, já registou 21 agressões a guardas prisionais, número mais elevado do que as 19 sinalizadas em 2020 e muito próximo das 22 contabilizadas o ano passado. "Faltam guardas prisionais para garantir a segurança nas cadeias", justifica o dirigente sindical Frederico Morais.
Uma guarda prisional para dezenas de reclusas
O episódio ocorreu pelas 19 horas, quando a reclusa, de 28 anos, confrontou a guarda prisional com a ausência de correspondência. Esta afirmou que, por ser domingo, não haveria distribuição de cartas, resposta que motivou, quase de imediato, uma reação violenta da mulher condenada a uma pena de cinco anos e quatro meses por furto e que está atrás das grades pela segunda vez desde 2015.
A guarda prisional foi, em primeiro lugar, empurrada e, depois, agredida com bofetadas e pontapés. Tudo aconteceu numa zona junto a um bar existente nas imediações das celas de um piso superior da cadeia de Tires, frequentada por dezenas de reclusas e que era vigiado somente por uma guarda prisional. Sem apoio dos colegas, a vítima teve de ser socorrida por algumas das restantes reclusas que estavam no local e impediram que as agressões se prolongassem. Mesmo assim, teve de receber assistência hospitalar e está de baixa médica.
Agressões crescem todos os anos
"Sofreu arranhões nos braços e na face", refere a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP). Confrontada pelo JN, a direção desta entidade confirma que uma reclusa "desobedeceu e resistiu a ordens dadas" e foi, "em conformidade com o regulamentado, avaliada nos serviços clínicos do estabelecimento prisional e colocada em medida cautelar de confinamento, enquanto decorre o competente processo disciplinar". A DGRSP avança, igualmente, que "os factos serão comunicados, para efeitos de processo crime, ao Ministério Público".
Ao JN, o SNCGP revela que, apenas nos primeiros seis meses deste ano, registou 21 agressões a guardas prisionais. "Em todos estes casos, o sindicato apoiou judicialmente os associados na queixa contra os agressores", diz Frederico Morais. Este dirigente sindical alerta para o facto do número de agressões sinalizado este ano já ter ultrapassado o de 2020 e de estar muito próximo do de 2021. "Em 2020, houve 19 agressões a guardas prisionais e, no ano passado, 22. Esta comparação prova que não há segurança nas cadeias devido a falta de guardas prisionais", defende. Ainda no final da semana passada, um guarda prisional da cadeia de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, foi, como o JN noticiou, atacado por um preso.
Em 31 de dezembro de 2021, havia cerca de 4200 guardas prisionais para 11588 reclusos.