O autor do atropelamento mortal de Açucena Patrícia, nas Festas da Moita, no ano passado, vai responder em tribunal por homicídio qualificado na morte da irmã do futebolista Yannick Djaló e ainda por condução perigosa e 16 crimes de homicídio qualificado tentado, relacionados com aqueles que atingiu com a sua viatura na madrugada de 15 de setembro. O Juiz de Instrução Criminal do Tribunal do Barreiro, Carlos Delca, decidiu esta terça-feira pronunciar Abel Fragoso pelos crimes que constam na acusação do Ministério Público.
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O arguido tentou que nesta fase do processo fosse julgado por homicídio negligente e 16 crimes de ofensas à integridade física simples, apoiando-se na tese de acidente. Abel defendeu que queria estacionar o carro perto da travessa para ir ter com amigos quando perdeu o controlo do mesmo. O Ministério Público tem uma diferente versão dos factos. Abel Fragoso foi agredido por dois outros jovens que permaneciam junto ao bar Casa do Tio na madrugada de sábado, 15 de setembro, nas Festas da Moita, e decidiu vingar-se.
Num estado embriagado, o jovem de 21 anos foi buscar o carro, retirou com as próprias mãos as baias de segurança na rua de acesso ao centro da Moita, ignorou a ordem de paragem por elementos da GNR e irrompeu pelo beco onde estavam cerca de cem pessoas. Aqui atingiu várias pessoas, entre as quais Açucena Patrício, que nada tinha que ver com as agressões anteriores e festejava com amigos o regresso às aulas.
Abel Fragoso tentou depois avançar contra os seus agressores, localizados num ponto mais interior da travessa, mas a viatura embateu violentamente nas guardas de madeira de proteção e ficou imobilizada. A força do embate contra Açucena Patrício fez com que a vítima ficasse esmagada entre a viatura e a parede.
Yannick Djaló vai exigir em tribunal 175 mil euros pela morte da irmã. Desse valor, a ser pago pelo condutor, pelo dono da viatura e pela seguradora, 125 mil são a título da perda da vida, 30 mil euros pelo sofrimento da vítima antes da morte e 20 mil pelo sofrimento do jogador pela perda da irmã, então com 17 anos.