Condenado por violação cometida em 2003, mês e meio após sair da cadeia. Método do mata-leão usado em duas violações e na morte da irmã "Tona".
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A violação que levou à condenação do alegado homicida da freira "Tona" a 16 anos de cadeia, em 2005, em S. João da Madeira, foi cometida por Alfredo um mês e meio depois de ter sido libertado da prisão, em liberdade condicional, após cumprir parte de uma pena de mais de nove anos a que tinha sido condenado, em Pombal, em 1999, por outra violação. Agora, o cenário repetiu-se. À tentativa de violação de uma jovem, no mês passado, quatro meses após ser libertado, seguiu-se o ataque à irmã Antónia Pinho, que acabou com a sua vida, apesar de uma perícia psiquiátrica o ter considerado "perigoso", "incapaz de se reinserir" e de controlar o "exagero" das suas "reações comportamentais".
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O acórdão que condenou Alfredo Manuel da Silva Santos a 16 anos de cadeia, em 2005, consultado pelo JN, revela outro padrão assustador dos seus ataques, ao apontar que, quer neste caso, ocorrido em 2003, quer no de Pombal, em 1997, ele usou o mesmo método: "Imobilização e controle físico da vítima pelo traçar do pescoço com o braço direito, por detrás, exigindo-lhe depois da cópula sexo oral e arrastando-a para local ermo".
A morte da freira "Tona", no dia 8 deste mês, foi tirada a papel químico, como constata a própria Polícia Judiciária (PJ) ao anunciar a detenção de Alfredo. "(...) o detido recorreu à força física aplicando à senhora, ao que tudo indica, um golpe de estrangulamento denominado mata-leão [traçar do pescoço com o braço direito por detrás] que terá sido a causa da morte", descreve a PJ.
Perigo "acima da média"
O caráter violento e instável de Alfredo está extensamente documentado no processo (ver texto ao lado), mas foi no segundo julgamento por violação, em S. João da Madeira, em 2005, que foi alvo de exames aprofundados, a pedido do então procurador adjunto, Carlos Pereira, para avaliar a imputabilidade de Alfredo, então com 30 anos.
O relatório psiquiátrico-forense foi elaborado pelo Centro Hospitalar Conde de Ferreira e concluiu, desde logo, que ele era imputável, "a pesar do exagero das reações comportamentais e défice no controlo dessas mesmas reações". Os peritos alertaram ainda o tribunal para a "perigosidade manifesta e latente, acima da média da população" que detetaram em Alfredo, concluindo que ele sofria de "Perturbação Antissocial de Personalidade". O relatório classifica-o ainda como "incapaz de se reinserir" e com "dificuldade no controlo da vida instintivo-efetiva".
Condenado a 14 anos de cadeia, Alfredo viu a Relação agravar a pena para 16 - Carlos Pereira pedira pelo menos 20. Se cumprisse toda a pena sairia em 2022, mas como a lei obriga à libertação após 5/6 da pena cumpriu apenas dez anos e sete meses. Foi libertado em maio e, acreditam as autoridades, matou a freira Antónia Pinho no dia 8 de setembro, porque ela lhe recusou sexo.