Imigrantes retirados. "Acordaram-nos e perguntaram-nos como entrámos na Europa"
Pelo menos quatro imigrantes foram levados, ao final desta manhã de segunda-feira, pela Polícia Judiciária, na Rua do Benformoso, em Lisboa, testemunhou o JN, durante o decorrer de uma megaoperação da Unidade de Contraterrorismo, que visava a imigração ilegal.
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A ação da PJ nesta e noutras partes da cidade, mas também em Vila Franca de Xira e na Margem Sul, bem como noutros países da Europa, pretendia desmantelar uma rede criminosa suspeita de trazer para a Europa milhares de migrantes em situação ilegal.
Ahmad, 35 anos, estava a dormir quando vários elementos da Polícia Judiciária começaram a bater às portas dos quartos do hostel Lisbon Prime, na Rua do Benformoso, em Lisboa. "Chegaram às 7 horas. Bateram à porta, não forçaram nada e foram educados connosco. Perguntaram de onde éramos, de que forma entramos na Europa, se por via terrestre ou marítima, pediram-nos os documentos e para sairmos do quarto. É o procedimento normal para perceberem se estamos legais", conta o paquistanês, que agora terá de procurar outro sítio para pernoitar.
O Hostel Lisbon Prime, segundo testemunhos recolhidos pelo JN, teria apenas autorização para ter quartos em dois pisos, mas estaria em mais dois pisos ilegalmente. O dono do hostel terá recebido um aviso para abandonar o edifício há um mês, mas não o fez. Os imigrantes terão, por isso, de procurar outro local para dormirem. Ahmad está há quatro meses em Portugal e trabalha numa agência de viagens na Rua do Benformoso.
"Tenho os documentos todos, estou legal. Portugal acolhe-nos muito bem e se seguirmos os procedimentos exigidos pelo Governo é fácil. O problema é que alguns não os seguem. Não julgo porque não conheço a situação deles", disse ao JN o imigrante, referindo-se aos imigrantes que foram detidos esta manhã.
Tarumjeet Singh, 45 anos, estava a dormir há três dias neste hostel. “Vivo no Porto e vim a Lisboa perceber se conseguia abrir o meu negócio aqui, mas as rendas são muito caras”, lamentou. O imigrante indiano disse ainda ao JN que “a maioria das pessoas inquiridas pela Polícia Judiciária neste alojamento tinham documentos e eram do Bangladesh, mas outras ainda estavam a tentar legalizar-se e a procurar emprego”.
A Polícia Judiciária seguiu para o hostel Lisbon Angeles, na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, onde se encontrava até ao início desta tarde de segunda-feira.