IA já ajuda a detetar navios com droga, garante diretor-geral da Autoridade Marítima
O diretor-geral da Autoridade Marítima Nacional (AMN), vice-almirante Nuno Chaves Ferreira, considerou hoje a introdução de novas tecnologias com recurso à inteligência artificial (IA) uma ajuda importante na deteção e combate das redes de narcotráfico.
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Portugal "é a primeira porta de entrada" das redes criminosas oriundas da América do Sul e Central e, nesse sentido, "a Polícia Marítima tem criado ações" e tem "sistemas de vigilância", através de "drones e vigilância apeada" para combater essas atividades, disse o diretor-geral da AMN e comandante-geral da Polícia Marítima.
"No entanto, nunca podemos assegurar que o conseguimos fazer a 100%", acrescentou o vice-almirante Nuno Chaves Ferreira, em declarações à agência Lusa, à margem do seminário "Ação Policial no Mar - Desafios", organizado pela AMN, em Sines, no distrito de Setúbal.
E, para combater este tipo de criminalidade, como as redes de narcotráfico, que são cada vez mais sofisticadas, ou a pirataria marítima, o vice-almirante defendeu que a introdução de novas tecnologias, com recurso à inteligência artificial, pode ajudar a acelerar procedimentos.
"A deteção e identificação deste tipo de redes resulta de processos de investigação criminal que ocorrem ao longo de anos ou meses" e resultam "num conjunto de dados e de informação que tem de ser trabalhado", explicou.
Nuno Chaves Ferreira
Nuno Chaves Ferreira
Foto: Autoridade Marítima Nacional
Seguir redes de traficantes e navios suspeitos
E aqui, continuou, "entram as novas tecnologias, como o 'Big Data Processing', associado à inteligência artificial", que são uma ajuda importante no combate às redes criminosas.
"Permite identificar onde, provavelmente, esse tipo de ações e de tentativas de introdução de estupefacientes no nosso território podem ocorrer com maior probabilidade, seguir as redes de narcotraficantes e os navios" suspeitos, assegurou o vice-almirante.
Estas ferramentas, acrescentou, podem ajudar as autoridades a acelerar "o conhecimento sobre essas redes de narcotráfico e todo o tipo de criminalidade".
À Lusa, o diretor-geral da autoridade marítima referiu que "estes crimes e ações contra as sociedades têm sido cada vez mais recorrentes", mas a "Polícia Marítima está perfeitamente atenta".
"São situações que põem em perigo as nossas comunidades, resultam dos riscos de ameaça que se fazem sentir em todo o Mundo de uma forma muito incisiva, e em especial no mar, que é um espaço que todas as redes criminosas utilizam", argumentou.
Questionado sobre o Porto de Sines, o comandante-geral da autoridade marítima disse que, além de "ser estratégico para a economia nacional", esta infraestrutura portuária não tem sido muito utilizada para "tentativas de introdução de estupefacientes".
No entanto, tal "não quer dizer que isso não possa existir e nunca podemos pôr de parte todas as hipóteses", admitiu.
"Normalmente, estas redes de narcotráfico fazem tentativas de introdução de estupefacientes em navios mais pequenos que, depois, transitam para lanchas rápidas, que são mais difíceis de apanhar e detetar", afirmou.
O que, continuou, "não quer dizer que não possa haver estupefacientes a bordo de navios de contentores e que possam estar dissimulados, mas, por norma, esses navios não demandam a Portugal".
O seminário "Ação Policial no Mar - Desafios" realiza-se no âmbito das comemorações do 106.º aniversário da Polícia Marítima que estão a decorrer na cidade de Sines, até ao próximo domingo, com um conjunto de atividades.