Ministério Público apenas subscreveu parcialmente acusação particular deduzida pelo empresário, julgado pelo desaparecimento de Mónica Silva.
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A tia e a irmã gémea da grávida desaparecida da Murtosa foram alvo de uma acusação particular promovida por Fernando Valente, o único julgado pelo alegado homicídio de Mónica Silva. O homem, entretanto absolvido pelo Tribunal de Aveiro, acusa as duas mulheres de difamação e o Ministério Público (MP) decidiu acompanhar a acusação particular, mas apenas contra a tia e somente por declarações prestadas e comentários escritos numa rede social num único dia.
O empresário Fernando Valente, que se queixou no ano passado, baseou grande parte da acusação particular no facto de o julgamento integrar jurados, entendendo que estes podiam deixar-se influenciar pelas publicações.
Fernando Valente imputa seis crimes de difamação agravada à tia da grávida, Filomena Silva, e um a Sara Silva, a irmã gémea de Mónica, com base nas entrevistas que concederam aos jornalistas e a publicações nas redes sociais.
Pede indemnizações
O empresário da Murtosa, que deixou de estar em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, desde a sua absolvição, em 8 de julho, pede ainda indemnizações, de cinco mil euros à tia e de mil euros à irmã.
Filomena Silva deu mais entrevistas e fez mais afirmações nas redes sociais, com uma linguagem contundente, enquanto no caso de Sara Silva, foi uma entrevista mais cautelosa, mas atribuindo a autoria do homicídio a Valente.
Tia a sobrinha também imputam a Fernando Valente a paternidade do feto de sete meses que Mónica tinha na barriga antes de desaparecer. O homem alega que, quem viu as entrevistas, pensará que ele “assassinou a namorada e o seu próprio filho”.
O MP subscreveu apenas dois dos seis casos imputados por Fernando Valente à tia Filomena Silva na acusação particular. Sem especificar quais são, o procurador entende haver indícios de difamação, mas somente numa entrevista a um canal televisivo e numa publicação numa rede social, ambas do dia 6 de outubro do ano passado.
Sobre Sara, gémea de Mónica, o MP de Estarreja, comarca onde será realizado o julgamento, entende que não houve difamação e não subscreve a acusação particular, assunto que Sara Silva não quis comentar.
Tia mantém o que disse
Já Filomena Silva afirmou ao JN “não retirar uma única vírgula” àquilo que afirmou e escreveu “em todos os órgãos de comunicação social e nas redes sociais acerca de Fernando Valente e dos seus pais. Reiterarei tudo no julgamento”.
“Este caso, além do drama profundo que nos atinge permanentemente, em especial aos dois filhos da minha sobrinha, só vem provar que existe uma justiça para os ricos e uma justiça para os pobres”, acrescentou Filomena Silva.
A juíza, Sara Moreira, já marcou duas sessões para setembro e outubro, sendo que julgará Filomena por seis crimes de difamação agravada e Sara por um.