Ex-jogador foi constituído arguido no processo Fora de Jogo por crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
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O antigo avançado do Benfica Jonas Oliveira está na mira do Ministério Público (MP) e da Autoridade Tributária (AT) por suspeitas de ter ocultado ao Fisco, através de contas bancárias da mãe e de um irmão, rendimentos de cerca de 5 milhões de euros, entre 2015 e 2016. Em causa estarão crimes de fraude fiscal qualificada, falsificação de documento e branqueamento de capitais que levaram o ex-internacional brasileiro a ser anteontem constituído arguido no aeroporto de Lisboa, onde foi retido à chegada de um voo proveniente do Brasil, para dar cumprimento a um mandado da AT. Está em liberdade com termo de identidade e residência.
Jonas é um dos cerca de 50 atletas sobre quem recaem suspeitas de terem lesado o Fisco, no âmbito da Operação Fora de Jogo. As autoridades têm indícios de que o ex-avançado, de 38 anos, não declarou rendimentos de prémios de assinatura, mas também de contratos paralelos que terão sido firmados com empresas controladas por familiares.
A investigação da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais da Autoridade Tributária (DSIFAE/AT), dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) levou a um tsunami sem precedente no futebol português. Ao longo dos últimos dois anos foram realizadas cerca de 100 buscas às SAD dos maiores clubes, as casas de dirigentes, futebolistas, empresários - entre eles, o superagente Jorge Mendes - e ainda de advogados. A Operação Fora de Jogo, que já conta com mais de 130 arguidos e abrange um total de 500 milhões de euros de negócios.
Foram centenas de transferências bancárias efetuadas, entre 2014 e 2015, por empresas suspeitas da emissão de faturas fictícias, num esquema de encruzilhada de empresas e pessoas do mundo do futebol. Essas transferências de somas astronómicas, consideradas suspeitas, acabaram por fazer soar os alarmes do sistema bancário que comunicou as desconfianças as autoridades.
Em causa estão três dezenas de inquéritos por fraude fiscal, branqueamento, falsificação e fraude à Segurança Social que DCIAP juntou por terem matéria e protagonistas comuns.
A operação deu o pontapé de saída em 2020 e compreendeu 70 buscas que deram corpo às suspeitas da existência de prestações de serviços forjadas na intermediação na negociação de contratos de jogadores, quer na compra quer na venda. O esquema passará pela introdução de terceiros no negócio, entre as SAD dos clubes, os jogadores e os agentes.