A Polícia Judiciária de Braga apreendeu "lanchas voadoras" no Alto Minho, durante uma operação conjunta com as autoridades espanholas, no distrito de Viana do Castelo. Em Espanha, a operação foi liderada pela Polícia Nacional e pela Guardia Civil, tendo sido detido Pablo Vázquez, o cabecilha do grupo que fabricava clandestinamente essas embarcações. Foi também capturado um primo do histórico narcotraficante "Sito Miñanco".
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Ramón Bugallo Martínez ("Mon"), um dos principais suspeitos nesta rede e familiar de "Miñanco", foi capturado em Cambados, na Galiza, aguardando-se agora que as autoridades policiais de ambos os países divulguem, durante as próximas horas, mais pormenores desta operação lusoespanhola.
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As buscas em armazéns e residências, também no Alto Minho, foram precedidas de mandados internacionais da Agência da União Europeia para a Cooperação Judicial Penal (EUROJUST) e resultaram na apreensão de embarcações, moldes para fabricar "lanchas voadoras", dinheiro e outros objetos e documentos, que comprovam as atividades ilícitas.
A Polícia Judiciária esteve envolvida numa primeira recolha de informação prévia e acompanhamento da situação, através da Secção Regional de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (SRITE) da Diretoria do Norte, mas nas buscas desta quarta-feira, todas no Alto Minho, participaram apenas inspetores do Departamento de Investigação Criminal de Braga. As lanchas foram encontradas durante buscas em armazéns de empresas portuguesas, não só nos arredores de Viana do Castelo, mas também em outros concelhos daquele distrito do Alto Minho, sendo que uma das empresas envolvidas tem dois cidadãos galegos como sócios-gerentes.
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Realizaram-se ao todo cerca de três dezenas de buscas policiais, em casas e armazéns, de ambos os países da Península Ibérica. Do lado espanhol, foram realizadas diligências em Cambados (em cujo tribunal decorre o processo criminal), Villagarcia de Arosa, Salamanca, Ribeira, Martorell, Sant Feliu de Llobregat, Barcelona, Torrejón de Ardoz , Alcobendas e ainda Arganda del Rey. Em Espanha, foram detidos, pelo menos, 18 pessoas relacionadas com o fabrico e venda destas embarcações, para transporte marítimo de droga.
O regresso das "lanchas voadoras"
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A facilidade com que os narcotraficantes galegos operavam em Portugal estava a chamar a atenção das autoridades de investigação criminal de ambos os países. Nos últimos meses, foram abandonadas "lanchas voadoras" na zona litoral, encostadas aos areais, no Alto Minho, assistindo-se a um recrudescer das embarcações que atingem altas velocidades e despistam as autoridades policiais no mar. Este facto poderá dever-se ao facto de a legislação portuguesa (em fase acelerada de revisão) ser muito mais permissiva do que a espanhola, porque estando a sua circulação proibida no país vizinho, já em território nacional é só passível de multas.