O cadáver de Beatriz Lebre foi encontrado sexta-feira no rio Tejo, perto da zona onde Ruben Couto largou a vítima e o bastão usado como arma do crime. O arguido limpou a casa e o carro.
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É forte convicção da investigação: obcecado pela paixão não correspondida, Ruben Couto poderá ter premeditado o homicídio da amiga Beatriz Lebre, estudante, como ele, no Instituto Universitário de Lisboa - ISCTE. Para o apartamento onde acabaria por matar a vítima, o mestrando em psicologia levou a arma do crime - um bastão, já recolhido anteontem pelas autoridades no cais da Matinha. Ontem, não muito longe daquele local onde Ruben indicara ter-se defeito do corpo e da arma do crime, o cadáver de Beatriz foi encontrado. Foi recolhido ao Instituto de Medicina Legal, onde irá ser feita a identificação formal e a autópsia.
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Ninguém leva um bastão para uma conversa amigável. Por isso, a investigação acredita que o crime terá sido pensado. Beatriz foi morta num apartamento de um familiar que ocupava desde que se tinha mudado de Elvas, de onde é natural, para Lisboa, onde estudava. Na sexta-feira da semana passada, Ruben foi lá e trazia com ele a arma que viria a utilizar para assassinar brutalmente a vítima.
Ainda não se sabe com detalhe o que provocou a fúria do universitário. Mas, de acordo com o que já terá confessado, estava perdidamente apaixonado por Beatriz. No entanto, esta apenas o via como colega. O amor não seria correspondido.
Tentou apagar vestígios
Depois do homicídio, Ruben limpou o apartamento, na tentativa de apagar os rastos de violência e os vestígios do crime. Também limpou o carro do pai, que transportou o corpo de Beatriz até ao Cais da Matinha, em Lisboa. Mas, tanto na casa como no veículo, a Polícia Judiciária (PJ), que prendeu o estudante na noite de terça para quarta-feira, encontrou vestígios de sangue, invisíveis a olho nu. Quando foi ouvido pelos inspetores, depois de a mãe da vítima ter dado conta do desaparecimento e se ter deslocado de Elvas ao apartamento de Chelas, em Lisboa, Ruben começou por assegurar desconhecer o paradeiro da amiga. Mas as contradições do discurso levaram a PJ a suspeitar dele. Acabou por confessar e indicar o local onde foram encontrados o corpo e o bastão.
De acordo com as informações recolhidas pelo JN, quem ontem ao início da tarde deu o alerta sobre o cadáver foi uma pessoa que passava a cerca de 200 metros do local onde foi atirado ao rio.
Para retirar o corpo, elementos da Polícia Marítima foram ao local, onde também se deslocaram inspetores da PJ. Mediante os sinais e o exame preliminar, as autoridades afastam a hipótese de não ser Beatriz, embora falte a identificação formal.
Comunidade estudantil em choque com atos do colega
Ruben Couto, 26 anos, era estudante no ISCTE, onde a comunidade estudantil está em choque. Amigos do mestrando em psicologia com quem o JN falou garantem conhecer Ruben como uma pessoa muito sociável e de bom trato. Sem nunca referir qualquer episódio de violência, ninguém percebe o que poderá ter levado o jovem a cometer um homicídio. Depois de detido, o estudante automutilou-se na cadeia anexa à PJ e teve de ser internado no hospital. O interrogatório marcado para ontem foi adiado e não se sabe se será realizado hoje.
Pormenores
Telemóvel e comida
Quando a família de Beatriz se deslocou ao apartamento, após dias sem notícias, encontrou o telemóvel e um prato de comida. Tudo indicava que a vítima não se ausentara voluntariamente de casa.
Esperou pela noite
Tudo indica que Ruben Couto esperou até escurecer para transportar o corpo de Beatriz até ao carro do pai, estacionado nas imediações e dali até ao Rio Tejo.
Colegas ouvidos
Vários colegas da vítima foram ouvidos pelas autoridades quando o caso ainda era encarado como um desaparecimento. Ruben foi um deles.