Quatro homens, suspeitos de enganar centenas de vítimas em todo o mundo com falsas heranças, foram detidos pela Polícia Judiciária, em Lisboa, onde tinham instalado o centro nevrálgico da burla internacional. Os indivíduos que usavam "cartas da Nigéria" para enganar as vítimas já estão em prisão preventiva.
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Fazendo-se passar por advogados, os burlões enviavam massivamente cartas, escritas em várias línguas, para os mais diversos países. Invocavam a existência de uma herança de que as vítimas iriam beneficiar, na ordem de vários milhões de euros, devido ao falecimento de um pretenso familiar, residente em Portugal.
"Após resposta à carta, era solicitado às vítimas – maioritariamente idosos – o envio de documentação diversa, designadamente, cópia do respetivo documento de identificação, entre outros dados pessoais", explica a PJ que também adianta: "de forma a credibilizar os contactos, as vítimas recebiam documentos supostamente emitidos por autoridades públicas nacionais, com selos, carimbos e assinaturas falsas, bem como por diferentes instituições bancárias, tanto nacionais, como internacionais".
As vítimas eram depois levadas a pagar vários montantes, a título de custos relacionados com seguros, taxas bancárias ou administrativas e impostos.
"Com a utilização de um modus operandi em tudo similar, eram igualmente remetidas cartas respeitantes a um suposto prémio monetário de que as vítimas haviam sido vencedoras, voltando a ser exigidos pagamentos diversos", acresenta ainda a PJ.
Nas buscas em Lisboa, os inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção apreenderam centenas de cartas, impressoras, tinteiros e diverso equipamento informático utilizado na produção das cartas, além de telemóveis. Tudo indica assim que os burlões, todos de nacionalidade estrangeira, fizeram da capital portuguesa o centro nevrálgico de uma burla internacional.
Já em maio do ano passado, uma parte desta rede tinha sido desmantelada em vários países, incluindo Portugal. Foi numa operação conjunta com as autoridades espanholas, britânicas e americanas, coordenada pela EUROPOL, que só em território nacional foram presas 16 pessoas.
Os arguidos estão indiciados pelos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documento e branqueamento.