Casal matou jovem de 14 anos que ameaçava denunciar relação extraconjugal. Mãe do bebé tinha 12 anos na altura e auxiliou a destruir e esconder cadáver.
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Tiago, de 14 anos, era natural de Peniche, mas estava institucionalizado na Escola Agrícola, em Chaves. No outono de 2015, fugiu da instituição e foi morar com o amigo Miguel, na garagem da casa de Sónia Mendes e do marido.
Miguel, 19 anos, e Sónia, 31 anos, manteriam um relacionamento amoroso secreto e, com a ajuda da filha de Sónia, a mãe do bebé hospitalizado, terão cometido roubos por esticão e furtos nas zonas de Peso da Régua, Vila Pouca de Aguiar, Chaves e Vila Real.
Tiago, que entretanto terá começado a namorar com a filha de Sónia, descobriu a relação extraconjugal. Ameaçou denunciar os furtos às autoridades e o caso amoroso ao marido de Sónia. Esta terá incentivado e convencido o amante a "fazer desaparecer" Tiago.
Mostrar que era homem
Em tribunal, Miguel confessou que, para agradar a Sónia e mostrar que "era homem", em outubro de 2015, agrediu o amigo a murro e com golpes de frigideira. Depois, estrangulou-o com um cinto. No fim de tudo, enviou uma mensagem escrita a amante a dizer: "Já está".
Sónia negou ter planeado e ordenado o crime, mas admitiu que, quando descobriu o que sucedera, ajudou a esconder o cadáver. No dia seguinte, Miguel e Sónia, com a ajuda de um sobrinho dele de 15 anos e da filha dela, menor, levaram o corpo de Tiago para uma residência de um casal, em Espanha.
Colocaram o cadáver numa banheira, regaram-no com gasolina e queimaram-no. Depois, enterraram os restos mortais de Tiago no jardim e plantaram pimentos em cima. O corpo viria a ser descoberto cerca de um mês depois, quando o cão dos donos da casa desenterrou um pé.
A Polícia Judiciária de Vila Real foi para o terreno e não demorou muito a descobrir os prováveis culpados. Em janeiro de 2016, os inspetores detiveram Sónia e Miguel e identificaram a filha dela e o rapaz de 15 anos. Após julgamento, em dezembro desse ano, o Tribunal de Vila Real condenou Sónia a 25 anos de prisão e Miguel Brito a 20 anos de prisão. O coletivo de juízes explicou que a arguida era "fria, calculista e manipuladora" e que tinha havido premeditação da sua parte, pelo que deveria ser condenada a uma pena exemplar. Os dois foram ainda condenados a pagar 122 mil euros de indemnização à mãe de Tiago. A filha acabaria por ser institucionalizada.