Criança de quatro meses foi levada ao Hospital de Chaves pela mãe, que, com 12 anos, participou num homicídio.
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A Polícia Judiciária (PJ) está a investigar um caso de suspeita de síndrome do bebé abanado sobre um menino de quatro meses, que está entre a vida e a morte nos cuidados intensivos pediátricos do Hospital de S. João, no Porto. Os médicos admitem, no entanto, que as lesões possam ter tido outras causas, como uma queda da mãe durante a gravidez ou um movimento brusco não intencional.
Aos 12 anos, a mãe da criança foi protagonista num caso de homicídio ocorrido em Chaves, em 2016, na sequência do qual seria institucionalizada, após ter participado no crime. Não foi ainda ouvida nem constituída arguida e, segundo informações recolhidas pelo JN, terá negado a prática de violência sobre a criança, embora esteja a ser encarada como suspeita.
Suspeitas no Porto
O bebé, um menino, deu entrada no Hospital de São João no dia 4 deste mês, vindo do Hospital de Chaves, onde a mãe e o padrasto o tinham levado preocupados com seu estado de saúde. Logo ali, os primeiros exames efetuados revelaram a existência de problemas neurológicos que necessitavam de cuidados mais especializados, não existentes naquela unidade de saúde.
A criança foi então transferida para o Hospital de São João, no Porto, onde surgiram as primeiras suspeitas de que poderia estar-se perante uma situação de maus-tratos, o que foi comunicado às autoridades.
Peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal foram chamados a pronunciar-se e não descartaram a possibilidade de ter havido um abanão intencional, mas a opinião não foi conclusiva, estando igualmente em cima da mesa outras explicações, sobre motivos não dolosos, para a existência das lesões.
Na maior parte dos casos conhecidos, a síndrome do bebé abanado resulta normalmente de pais irritados com o choro compulsivo da criança, que tentam desesperadamente parar, abanando-a com violência
À TVI, Diogo, o pai biológico do menino, que se encontra emigrado em França, disse que não acreditava na existência de maus-tratos por parte da mãe. Contou que ela lhe telefonou no dia 4 a dizer que o bebé estava no hospital porque "lhe rebentou uma veia". Já uma familiar que tinha acolhido a jovem, hoje com 18 anos, o filho e o atual companheiro, disse que eles desapareceram de casa no dia 4.
A Polícia Judiciária de Vila Real está a investigar o caso e mantém todas as hipóteses em aberto. A vida da mãe e do padrasto, desde o nascimento do bebé, e a forma como lidavam com a criança estão a ser alvo de escrutínio, designadamente através da recolha de testemunhos de pessoas próximas. Só depois de realizadas estas diligências a PJ deverá ouvir formalmente a mãe e o padrasto.
Outros casos
Mar 2002
Um bebé de 21 meses ficou com hemorragias no cérebro e várias lesões após ter sido vítima de maus-tratos em Torres Vedras. A ama, de 40 anos, foi condenada a nove anos de prisão.
Fev 2016
Um português de 43 anos a residir em Londres abanou o filho de forma tão violenta, que o menino, de apenas seis semanas de idade, viria a morrer quatro dias depois. O analista financeiro foi condenado a oito anos e meio de prisão.
Nov 2018
Uma costureira, de 29 anos, de Famalicão, foi condenada a três anos de prisão domiciliária por abanar violentamente o filho de um mês, com uma gastroenterite, para que parasse de chorar. O bebé sofreu lesões cerebrais.
Jul 2020
Uma ama ilegal de Cacia, Aveiro, foi detida pela PJ por tentativa de homicídio de um bebé de nove meses. A mulher de 37 anos terá abanado com violência o menino perante o seu choro contínuo causando-lhe lesões cerebrais graves.