Ministério da Justiça diz que a restrição é "momentânea". O dirigente sindical do Ministério Público responde que só pode ter decidida "por quem não percebe a importância das redes sociais para a investigação criminal".
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Os magistrados não podem entrar nas redes sociais através dos computadores do seu local trabalho. O Instituto de Gestão Financeira e dos Equipamentos da Justiça (IGFEJ) diz que isso decorre de "uma situação momentânea de redução da largura de banda", mas o dirigente sindical do Ministério Público, António Ventinhas, estranha a falta de aviso prévio, avisando que "as redes sociais são hoje muito importantes para quem faz investigação criminal".
"Não há qualquer tipo de corte", garante fonte oficial do Ministério da Justiça, que tutela o IGFEJ. O que sucede, segundo acrescenta a mesma fonte ao JN, é que "está em curso um aumento da capacidade das ligações à Internet e, por agora, foi reduzida a capacidade disponível no sentido de garantir um melhor tempo de resposta".
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) torce o nariz à explicação oficial, mas não comenta, por a mesma remeter para especificidades técnicas que não domina. No entanto, considera que o normal, nessas circunstâncias, seria o IGFEJ ou o Ministério da Justiça terem avisado previamente das restrições. "Qualquer serviço público do Interior, se tiver de cortar a água, avisa a população", compara.
António Ventinhas também observa que as restrições reportadas pelos magistrados dizem respeito apenas às redes sociais. Ou seja: o acesso aos outros sítios na Internet não está limitado.
O sindicato vai "aguardar mais uns dias para ver o que acontece", mas o seu dirigente considera, desde já, que a restrição existente neste momento só pode ter decidida "por quem não percebe a importância das redes sociais para a investigação criminal". "Hoje em dia, quem busca informação não pode ignorar as redes sociais", insiste, atribuindo "especial" importância ao Facebook.
O processo do furto de material militar dos paióis da base de Tancos é um dos exemplos conhecidos da utilidade que o Facebook pode ter para as investigações, mas António Ventinhas lembra que as redes sociais também são relevantes para os domínios dos crimes sexuais e da criminalidade informática.
De resto, "se um magistrado quiser pedir determinada informação ao Facebook, tem de fazê-lo através da plataforma do Facebook", afirma ainda o presidente do SMMP, que não tem perfil nesta rede social nem frequenta as outras.