Corpo de segurança pessoal do presidente da República também não recebeu informações sobre investigação a Yasser Ameen. Caso desvalorizado.
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O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não tinha conhecimento que iria estar na presença de um suspeito de terrorismo, quando, em 2018, foi almoçar ao restaurante Mezze, em Arroios. E revelou que também o seu corpo de segurança pessoal não foi informado de que o iraquiano Yasser Ameen, que trabalhava no espaço de restauração, estava a ser investigado pela Polícia Judiciária, por pertencer ao Estado Islâmico. "Não, não havia informação", garantiu o chefe do Estado, na terça-feira.
À margem da apresentação de um evento cultural, Marcelo Rebelo de Sousa optou, no entanto, por desvalorizar o episódio, revelando que "antes desse almoço houve uma reunião preparatória" e que "não havia nenhuma contraindicação de segurança". "Isso é um problema de matéria classificada", disse ainda, antes de referir que a ausência de comunicação poderia fazer parte "da estratégia de fiscalização, [para] dar espaço e liberdade a quem pode ser uma pista para se encontrar outras estruturas".
O presidente da República frisou, ainda, que passa "a vida na praia, no hipermercado a fazer compras" e, por isso mesmo, seria "muito difícil ter a certeza de que as pessoas que estão ali ao lado não virão mais tarde a ser consideradas, ou já são consideradas, suspeitas de serem ou não terroristas". "[O suspeito] podia encontrar-se comigo, como qualquer outro cidadão, numa praça pública, num supermercado", defendeu.
Yasser Ameen foi detido, juntamente com o seu irmão Amman, na semana passada. Ambos chegaram a Portugal em 2017, vindos da Grécia, no âmbito de um programa de acolhimento de refugiados, da União Europeia.
Poucos meses depois, foram sinalizados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras como suspeitos de pertencerem ao Estado Islâmico e a informação foi partilhada na Unidade de Coordenação Anti-Terrorista, que reúne todas as forças de segurança e serviços de informações de segurança e defesa. A partir desse momento, os irmãos passaram a ser monitorizados e investigados pela Polícia Judiciária. Mesmo assim, ninguém travou as visitas de altas individualidades ao restaurante.
Pormenores
Costa e Sampaio
Além de Marcelo Rebelo de Sousa, também António Costa e Jorge Sampaio almoçaram no restaurante onde trabalhava o suspeito de terrorismo.
Atentado na Alemanha
Os irmãos foram detidos, após terem sido identificados como parte integrante de um grupo terrorista, que estaria a preparar um atentado na Alemanha.