São inúmeros os métodos usados pelos cartéis para traficar droga através dos portos. Alguns estão dependentes da colaboração de estivadores e de outros funcionários da infraestrutura, mas a crescente informatização dos sistemas logísticos está a criar novas oportunidades.
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Código único
Este método foi descoberto em 2018 e é o mais recente. Logo que recebe o pagamento devido, o transitário responsável pelo transporte para a Europa atribui ao contentor um código, que tanto pode ser um PIN digital ou um QR code, e dá-o a conhecer ao importador e à empresa que gere o terminal onde o contentor ficará guardado. Funcionários subornados comunicam aos cartéis o código do contentor que esconde a droga e os traficantes retiram-no do porto, apresentando nos serviços administrativos o PIN original e fazendo-se passar pelas legítimos proprietários da carga importada. O código também pode ser obtido através de ciberataques aos sistemas informáticos das empresas envolvidas.
Clonagem do número
As organizações atribuem a um contentor "limpo" o mesmo número de registo de outro que tem droga no interior. E é este contentor clone que é levado para a inspeção se as autoridades assim o exigirem.
Transferência
Os contentores oriundos da América do Sul são considerados de alto risco e sujeitos a maiores fiscalizações. Para evitar que a droga seja encontrada numa destas ações, funcionários portuários controlados pelas redes criminosas retiram a droga logo que o contentor "contaminado" chega ao terminal e transferem-na para um contentor expedido de um país europeu.
Rip on/rip off
Sacos desportivos carregados de cocaína são escondidos entre a carga de um contentor ainda no porto de origem. Já no porto de destino, um funcionário ligado ao cartel retira os sacos e faz a droga chegar aos traficantes. Neste método, é fundamental substituir o selo colocado nas portas que, alegadamente, prova que o contentor não foi violado.
Impregnada
A cocaína é diluída e impregnada em artigos têxteis, em bebidas ou até em pedaços de carvão que são exportados da América do Sul para a Europa. À vista desarmada, nada aponta para para que haja droga escondida nos contentores e só uma análise química desvenda o tráfico.
Mergulhadores
Os próprios contentores são utilizados para dissimular cocaína. A droga é escondida na estrutura metálica ou no sistema de refrigeração, para a viagem entre a América do Sul e a Europa. Noutros casos, a droga é escondida no casco do navio e, quando este atraca no porto, é retirada clandestinamente por mergulhadores.
Via verde
Com base em informação dos portos, cedida por funcionários corruptos, as redes escondem a cocaína em barcos que têm como destino o país pretendido pela organização, mas que, com base no seu histórico, são menos suscetíveis de ser inspecionados.