Investigadas suspeitas de abuso de confiança que lesaram F. C. Porto. Documentação sobre circulação do dinheiro das comissões vai ser esmiuçada.
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Jorge Nuno Pinto da Costa foi na segunda-feira alvo de buscas por parte do Ministério Público (MP), que quer apurar se o líder portista usou a função de presidente para ajudar o filho a, alegadamente, desviar dinheiro dos cofres do clube, através de um esquema de comissões inflacionadas ou mesmo fictícias, com a cumplicidade do empresário Pedro Pinho. Em causa estarão 20 milhões de euros.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, a investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), liderada pelo procurador Rosário Teixeira, realizou na segunda-feira as buscas na SAD portista e na casa de Pinto da Costa no sentido de recolher documentação capaz de confirmar ou dissipar as dúvidas sobre o papel do pai, nas comissões que, indiretamente, o filho Alexandre possa ter recebido, através de Pedro Pinho.
Em causa estará o crime de abuso de confiança, que consiste na apropriação ilegítima de coisa móvel entregue ao suspeito e que este detém em nome alheio. Neste caso, o MP quer apurar se Pinto da Costa integrou na esfera familiar verbas do F. C. Porto. O "Expresso" avançou na terça-feira que o MP suspeita de que dinheiro do clube foi usado para pagar despesas de leasing de Fernanda Miranda, ex-mulher do líder portista.
A investigação também vai aproveitar os documentos apreendidos nas buscas para apurar se o dinheiro clandestino, alegadamente proveniente de comissões ocultas, circulou por várias contas bancárias estrangeiras para acabar por regressar a Portugal, na esfera de Alexandre Pinto da Costa.
América do Sul
Segundo apurou o JN, os alertas do sistema bancário da Unidade de Informação Financeira deram conta de transferências suspeitas nas contas do empresário Pedro Pinho. Algumas destas operações revelavam movimentos de milhões com Inglaterra e com América do Sul, que foram consideradas duvidosas pelo DCIAP.
Contactado pelo JN, o advogado de defesa do empresário Pedro Pinho, Pedro Marinho Falcão, negou a existência de quaisquer movimentações de dinheiro, quer no estrangeiro quer em Portugal, destinado a lavar dinheiro. Também afirmou que o seu cliente desconhece as suspeitas de pagamento de rendas a uma ex-namorada de Pinto da Costa. "Posso afirmar que estas suspeitas não constam dos mandados de busca", adiantou, assegurando ainda que a investigação está em fase muito embrionária.
"Estas suspeitas terão sido levantadas a partir de uma análise muito superficial da informação que o Ministério Público tinha disponível. Acreditamos que estas dúvidas serão definitivamente dissipadas com o desenvolvimento da investigação. Não existem evidências de qualquer crime", disse Marinho Falcão.